Para Sarney, impeachment de Lugo revela crise da democracia na região — Rádio Senado

Para Sarney, impeachment de Lugo revela crise da democracia na região

LOC: O PRESIDENTE DO SENADO AVALIA QUE O IMPEACHMENT CONTRA O PRESIDENTE DO PARAGUAI REVELA UMA CRISE DA DEMOCRACIA NA AMÉRICA DO SUL. 

LOC: O SENADOR JOSÉ SARNEY QUESTIONOU A RAPIDEZ DO CONGRESSO NACIONAL PARAGUAIO EM ANALISAR O PROCESSO. A REPORTAGEM É DE HÉRICA CHRISTIAN. 

(Repórter) Depois da Câmara dos Deputados do Paraguai, foi a vez do Senado daquele país aprovar na sexta-feira o impeachment do presidente Fernando Lugo. O Congresso Nacional paraguaio declarou a perda de mandato de Lugo baseado em cinco fatos: a morte de 17 pessoas em um conflito de terras envolvendo policiais e camponeses num processo de reintegração de posse de uma fazenda no interior do país nessa semana; a crise dos camponeses sem-terra; a insegurança no Paraguai; o uso dos quartéis das Forças Armadas para atividades políticas; e a assinatura do protocolo de Ushuaia II, que permite à União de Nações Sul-americanas (Unasul) intervir no Paraguai em caso de risco para a democracia. Sem entrar no mérito, o presidente do Senado, José Sarney, do PMDB do Amapá, questionou a rapidez do processo ao citar que no Brasil o ex-presidente Fernando Collor teve o amplo direito à defesa 

(José Sarney) Vejo que pela celeridade desse processo, não pode assegurar um amplo direito de defesa como devem ter todos aqueles submetidos a um processo dessa natureza. Tivemos no Brasil, mas seguimos todo rito que a lei determinava e levou bastante tempo para isso. 

(Repórter) Para Sarney, o impeachment de Lugo coloca em risco a democracia no continente sul-americano ao lembrar das atitudes dos governos da Venezuela, Equador e Bolívia. 

(José Sarney) Acho que é péssimo para a América do Sul porque já temos alguns países que estão tendo algumas práticas que não são comuns na democracia. De maneira que agora exacerbando a nível de derrubar um presidente isso mostra que alguma coisa está errada na democracia do continente. 

(Repórter) Um dos criadores do Mercosul, Sarney defendeu que os demais países do bloco se posicionem contrariamente a qualquer prática que comprometa a democracia na região. Apesar de lamentar que o Mercosul se restringe a relações econômicas, bem diferente da União Europeia, o presidente do Senado afirmou que o Mercado Comum do Sul não vai desaparecer. 

(José Sarney) Acho que o Mercosul vive uma crise muito grande porque a ideia de formarmos o mercado comum desapareceu quando o presidente Menén assumiu o governo não procurou uma área política, transformou-se numa região aduaneira. São problemas que se agravam, é uma ideia generosa, não vai desaparecer. Mas os obstáculos colocados vão retardá-lo. 

(Repórter) Por meio de nota, os deputados e senadores brasileiros que integram o Parlamento do Mercosul (Parlasul) destacaram que a democracia deve ser preservada em qualquer situação. Eles pediram que o Parlasul acompanhe de perto “este momento de graves consequências para a história do Paraguai e para o esforço de união da América do Sul”.
22/06/2012, 08h56 - ATUALIZADO EM 22/06/2012, 08h56
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