Falta de leitos é mais grave em regiões distantes do país — Rádio Senado

Falta de leitos é mais grave em regiões distantes do país

LOC: PARA EVITAR A MORTE DE PACIENTES CRÍTICOS, É PRECISO AUMENTAR O NÚMERO DE CENTROS DE TERAPIA INTENSIVA EM TODAS AS REGIÕES DO PAÍS.

LOC: A FALTA DE LEITOS É MAIS GRAVE EM REGIÕES REMOTAS, SEGUNDO PARTICIPANTES DE DEBATE NA COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS DO SENADO NESTA TERÇA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO, DIA DO MÉDICO. ENTENDA O PROBLEMA NESTA REPORTAGEM DE ROBERTO FRAGOSO.

(MAURO LUIZ DE BRITTO RIBEIRO): O grande problema é que os pacientes graves hoje, eles estão ficando nas salas de emergência dos prontos socorros, entubados, sem assistência médica, e nós, até nós mesmo, médicos, nós estamos aceitando isso como uma coisa normal, e isso não é uma coisa normal. Esses pacientes morrem, e morrem a granel nos prontos socorros. Porque sala de atendimento de emergência não é sala de leito de CTI, está muito longe disso.
(REPÓRTER): A falta de leitos em Centros de Terapia Intensiva foi confirmada por Mauro Luiz de Britto Ribeiro, do Conselho Federal de Medicina. O paciente de alto risco é aquele vítima de múltiplos traumas, de queimaduras ou que se submeteu a grandes cirurgias. Outro grande problema, segundo os participantes, é a judicialização no uso dos CTIS. Como não há leitos pra todos os pacientes críticos, as famílias recorrem à Justiça. A solução mão é a mais adequada, segundo o procurador regional da República Oswaldo José Silva.
(OWALDO JOSÉ BARBOSA SILVA): Esse triste dever de escolher quem vai ocupar o leito, e eventualmente até quem vai morrer por ausência desse leito, é uma atribuição em última análise do médico, não é do juiz nem do promotor.
(REPÓRTER): Essa tarefa, no entanto, não é desejada pelos médicos, que pedem o aumento do número de leitos e a análise de quais pacientes terão prioridade caso a caso e em conjunto com o Ministério Público. O senador Paulo Davim, do PV do Rio Grande do Norte, que é médico intensivista, lembrou que essa realidade é desgastante para a categoria.
(PAULO DAVIM): Por mais que se diga que o médico é blindado, se envolve pouco emocionalmente, existe sim o desgaste. Essa estória de você arbitrar quem vai viver, quem não vai viver, a escolha de Sofia, isso é uma sentença que está na mão dos médicos, dos intensivistas. E a má interpretação do seu trabalho pelas famílias que não são contempladas com a vaga. Quantas vezes tocam na porta da UTI, chamam o médico e dizem: "E aí, você vai deixar meu pai morrer, doutor? Se ele morrer, a culpa é sua".
(REPÓRTER): Os médicos reconheceram que nos últimos anos a quantidade de leitos dobrou, por políticas do Ministério da Saúde, mas destacaram que ainda é preciso avançar mais, sobretudo nas regiões mais afastadas do País, onde falta pessoal qualificado.
18/10/2011, 00h33 - ATUALIZADO EM 18/10/2011, 00h33
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