Comissão debate posicionamento do Brasil no comércio internacional
LOC: O BRASIL PRECISA SE REPOSICIONAR NO COMÉRCIO INTERNACIONAL DIANTE DE UM CENÁRIO DE CRISE QUE PROMETE CONTINUAR.
LOC: ESSA É UMA DAS CONCLUSÕES DA AUDIÊNCIA QUE REUNIU EMBAIXADOR, ACADÊMICOS E SENADORES NA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES DO SENADO. A REPORTAGEM É DE NILO BAIRROS:
O comércio mundial mudou muito nas últimas décadas, países se reuniram em blocos e a cadeia produtiva se flexibilizou, com linhas de montagem que utilizam vários países para fazer um único produto. Mas a crise internacional agravou problemas, inclusive dentro dos blocos econômicos. Um deles é o protecionismo, que abala mercados como o do Nafta, formado por Estados Unidos, México e Canadá, e mesmo o MERCOSUL, que reúne Brasil e vizinhos sul americanos. Por isso, estudiosos do tema se reuniram no Senado para debater que caminho seguir diante da crise. De acordo com a professora Marta dos Reis Castilho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o país precisa manter a integração regional, mas explorar também as cadeias produtivas globais. Outro professor, Renato Flores, da Fundação Getúlio Vargas, acha que o país precisa de jogo de cintura nesse cenário, protegendo setores estratégicos e liberando outros em nome do comércio mais lucrativo: Renato Flores ¿ nós temos que nos preparar para navegar nessa situação, evitar entrar em conflito, desenvolver a nossa criatividade, ter uma estratégia industrial, todo mundo precisa comprar, todo mundo precisa vender. Rep: O problema, na opinião da senadora Ana Amélia Lemos, do PP gaúcho, é que essa política tem afetado setores que para o Rio Grande do Sul são estratégicos, como o de máquinas agrícolas, que tem se transferido para a Argentina em busca de melhor ambiente para produzir e exportar: Ana Amélia Lemos - A argentina vai levar a fábrica, não é a máquina, vai levar a fábrica inteira, e aí, o que se vai fazer com os trabalhadores, com a economia local? Então eu tenho algumas dúvidas, apesar do otimismo deles com a união aduaneira. Rep: Se há otimismo sobre as possibilidades do Brasil em melhorar o comércio, os professores e também o embaixador Marcílio Marques Moreira, ex-ministro da Economia, são pessimistas em relação à solução da crise. A expectativa geral é de que não há uma luz à vista e que, por isso mesmo, o Brasil deve se preparar, principalmente apostando na formação de melhores profissionais e na substituição gradual da venda de bens primários pela exportação de produtos elaborados. O ciclo de debates da Comissão de Relações Exteriores continua na próxima segunda-feira.