Construção da usina gera polêmica entre senadores do Pará
LOC: MESMO DEPOIS DA LICENÇA AMBIENTAL PARA A CONSTRUÇÃO DA USINA DE BELO MONTE, A POLÊMICA CONTINUA.
LOC: SENADORES DO PARÁ DIVERGEM SOBRE OS PREJUÍZOS E AS VANTAGENS DA OBRA GIGANTESCA NO MEIO DA FLORESTA AMAZÔNICA. A REPORTAGEM É DE NILO BAIRROS:
A tentativa de erguer uma usina na descida do Rio Xingu, próximo à cidade de Altamira, no Pará, já tem mais de vinte anos. A partir dos anos 2000, o governo brasileiro acelerou o projeto, mas enfrenta centenas de ações na justiça, ora de movimentos sociais, ora do próprio Ministério Público. Agora, o IBAMA, órgão responsável pelo meio ambiente no Brasil, concedeu licença para as obras, que estão orçadas em 19 bilhões de reais e vão empregar cerca de 20 mil operários. Depois de pronta, a usina de Belo Monte deve gerar 11 mil megawatts, o que representa 10 por cento da energia consumida no país. O Senador Flexa Ribeiro, do PSDB do Pará, defende o início imediato da construção, e dá como argumento, além do potencial energético, o clima propício às obras: Flexa Ribeiro - nós só podemos ter uma produtividade em obras de engenharia, em especial de grande porte, na época que chove, no nosso verão, né? Que vai de junho até novembro. Se não houvesse a licença de instalação agora, o Brasil perderia o ano de 2011 e o Brasil não teria geração de energia em 2015. Rep: Mas para a senadora Marinor Brito, do Psol do Pará, o próprio destino da energia gerada em Belo Monte é questionável. Ela afirma que o governo está causando uma tragédia aos povos indígenas e ao meio ambiente para atender às mineradoras, que seriam as usuárias da energia gerada pela usina. Ela também denuncia que a maioria das contrapartidas prometidas não foi cumprida e dá como exemplo a falta de escolas e hospitais na região. Marinor Brito também aponta que os procuradores do ministério público que entram com ações contra a usina de Belo Monte estão sendo perseguidos: Marinor Brito - tem mais de dez ações do ministério público federal, vários procuradores que assinam as ações estão sendo criminalizados. Ao invés de elogios, por ser um servidor público que cumpre seu dever constitucional, está merecendo ações, representações repreensivas, punidoras por parte do governo federal. Rep: Em meio à polêmica, o próprio IBAMA admite que muitas das medidas de compensação sócio-ambiental ainda devem ser implementadas. Para isso, o consórcio Norte Energia, que ganhou a licitação, assinou um termo de compromisso com prefeituras e governo estadual para criar escolas, hospitais e implantar saneamento básico na localidade. A estimativa é que, além dos trabalhadores da usina, a região deve receber mais de 100 mil pessoas por causa das obras.