Pesquisa registra aumento de violência doméstica — Rádio Senado

Pesquisa registra aumento de violência doméstica

LOC: APESAR DA LEI MARIA DA PENHA, A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA AUMENTOU. É O QUE PENSA A MAIORIA DAS MULHERES, DE ACORDO COM UMA PESQUISA DO DATASENADO. LOC: O LEVANTAMENTO APONTOU QUE O MEDO DE DENUNCIAR OS AGRESSORES IMPEDE A INVESTIGAÇÃO DOS CRIMES... LOC: ... E TRINTA E DOIS POR CENTO DAS ENTREVISTADAS CONTINUAM VIVENDO COM MARIDOS OU COMPANHEIROS MESMO DEPOIS DE TEREM SOFRIDO VIOLÊNCIA. Quase cem por cento das mulheres já ouviram falar da Lei Maria da Penha. E 60 por cento delas acreditam que a proteção melhorou com a legislação, em vigor desde 2006. Apesar disso, 66 por cento das entrevistas acham que a violência aumentou. Mas, se a maioria conhece a Lei e acha que ela ajuda a proteger a mulher, como explicar o aumento da violência? Segundo a pesquisa do DataSenado, o medo de registrar a ocorrência e expor o agressor continua sendo a principal razão. Além disso, o fato de não poder retirar a queixa depois que ela for registrada faz com que a vítima desista de fazer a denúncia. Para a senadora Ana Rita, do PT do Espírito Santo, outro motivo é o fato de que a maioria ainda depende financeiramente do agressor. (ANA RITA) Na maioria das vezes as mulheres acabam se submetendo a uma situação de violência doméstica porque ela depende do seu companheiro, do seu marido a sua sobrevivência financeira e muitas vezes ela deixa de fazer a denúncia porque ao denunciá-lo ela tem receio de perder a fonte de renda. Pensando nos seus filhos, que eles poderão ficar privados de alimentos, por exemplo, ou de ter acesso a escola ela acaba se submetendo. Então uma das formas de combater a violência é garantir que elas tenham acesso ao emprego, à qualificação profissional, que elas tenham sua autonomia financeira. A pesquisa do DataSenado também revelou que o álcool e o ciúmes são as principais desculpas usadas pelos homens que agridem. Segundo os relatos, em 66 por cento dos casos, são os maridos e companheiros que praticam a violência. E trinta e dois por cento das mulheres continuam morando com os agressores. Para a senadora Marinor Brito, do PSOL do Pará, o estado não dá o amparo necessário às mulheres agredidas e nem condições para a reabilitação homens. (MARINOR) A mulher é desprotegida pelo estado. Não basta ter uma ou duas delegacias na cidade, ou até mais delegacias, se o procedimento no início, do meio e do fim não é conclusivo. Esses casos de violência doméstica por uso de álcool e drogas. As pessoas vão deixar de beber, ou de usar drogas, ou de violentar mulheres pelo fato de terem sido chamados numa delegacia? Não vão deixar.(rep) Sobre a nova interpretação do Superior Tribunal de Justiça à Lei Maria da Penha, que permite a suspensão da pena em casos de condenações inferiores a um ano ou a troca da prisão por pena alternativa, as duas senadoras afirmaram que são contra e concordam com a maioria das entrevistadas pela pesquisa: a decisão enfraquece a Lei. Esta é a quarta edição da pesquisa do DataSenado sobre violência doméstica. Foram entrevistadas mil 352 mulheres em 119 municípios de todas as regiões do Brasil.
02/03/2011, 07h20 - ATUALIZADO EM 02/03/2011, 07h20
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