Orestes Quércia destacou-se como oposição ao regime militar nos anos 70 e 80 — Rádio Senado

Orestes Quércia destacou-se como oposição ao regime militar nos anos 70 e 80

LOC: O EX-GOVERNADOR DE SÃO PAULO ORESTES QUÉRCIA, QUE MORREU NA ÚLTIMA SEXTA-FEIRA, AOS 72 ANOS, DESTACOU-SE COMO SENADOR DE OPOSIÇÃO AO REGIME MILITAR NOS ANOS 70 E 80.

TÉC: Orestes Quércia foi eleito senador por São Paulo em novembro de 1974 quando derrotou o ex-governador Carvalho Pinto, candidato do regime militar, com uma vantagem de três milhões de votos. Assumiu a vaga no início de 75, com 36 anos de idade. Nos oito anos em que ficou no Senado, Quércia apresentou 357 projetos de lei, a vasta maioria deles na área trabalhista, como a isenção de imposto de renda para o décimo terceiro salário e a reserva obrigatória de vagas para paraplégicos nas empresas públicas e privadas. Ele também apresentou nove propostas de emendas à Constituição. Como senador do MDB, partido que reunia a oposição ao regime militar, Quércia propôs em 79 a volta das eleições diretas para o presidente da República e para os governadores. E em 81, sugeriu a convocação de uma assembleia nacional constituinte para fazer uma nova Constituição no lugar da que estava em vigor desde 1967. Orestes Quércia foi ainda um crítico da política econômica dos governos Ernesto Geisel e João Figueiredo, os últimos do período militar. Em maio de 79, por exemplo, o senador participou de uma audiência pública com Mário Henrique Simonsen, ministro do Planejamento do governo Figueiredo. Quércia fez comentários sobre a redução do poder de compra do salário mínimo, que na época valia dois mil 268 cruzeiros. (QUÉRCIA) Eu gostaria de lembrar Vossa Excelência que no ano de 59 o trabalhador precisava trabalhar 65 horas e 5 minutos para a aquisição da ração essencial mínima que é estabelecida por lei. E em 78 ele tem que trabalhar o dobro. Veja Vossa Excelência, portanto, que o salário mínimo diminuiu o poder de compra em todos esses anos. (REPÓRTER) Orestes Quércia concluiu o mandato de senador no final de 82, depois de ser eleito vice-governador de São Paulo na chapa encabeçada por Franco Montoro. Chegou a governador de São Paulo em 1986, último cargo eletivo que ocupou. Depois de deixar o governo paulista, no início de 91, Quércia perdeu uma eleição para presidente da República, em 94, duas para governador, em 98 e 2006, e uma para o Senado, em 2002. Nas eleições deste ano, chegou a fazer campanha para tentar novamente uma vaga no Senado. (JINGLE QUÉRCIA) Quércia senador! Ô ô ô ô ô Quércia senador! É com ele que eu vou. É um 151, com Quércia eu tô. É 151! (REPÓRTER) Por causa do câncer, Orestes Quércia desistiu da candidatura no início de setembro e anunciou apoio ao tucano Aloysio Nunes Ferreira, que acabou sendo eleito senador com mais de dez milhões de votos.
27/12/2010, 00h16 - ATUALIZADO EM 27/12/2010, 00h16
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