Comissão discute criação do sistema de atendimento à pessoa autista — Rádio Senado

Comissão discute criação do sistema de atendimento à pessoa autista

LOC: A COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS DISCUTIU NESTA QUARTA-FEIRA A CRIAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE ATENDIMENTO À PESSOA AUTISTA.

LOC: A PROPOSTA APRESENTADA PELA ASSOCIAÇÃO EM DEFESA DO AUTISTA DEFINE EM LEI QUAIS SÃO OS TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E OS DIREITOS DE PESSOAS AFETADAS POR ELES.

O Brasil deve ter hoje cerca de 2 milhões de autistas. O que não se sabe exatamente é quem são, onde estão e como vivem essas pessoas. A falta de um diagnóstico preciso e de estatísticas sobre o autismo são os maiores entraves para quem lida com o problema. Todos que foram ouvidos durante a audiência relataram a dificuldade. O médico e professor do Departamento de Psiquiatria da Escola paulista de Medicina, Marcos Mercadante, afirmou que ainda hoje o diagnóstico para o que vem sendo chamado de Transtorno Global do Desenvolvimento é feito com base nos sintomas que muitas vezes se confundem com os de outras enfermidades. Por isso, segundo Marcos, é tão difícil discutir políticas públicas para essa parcela da população. O professor também falou sobre a importância do diagnóstico precoce que, segundo ele, é essencial para o sucesso de intervenções. (Marcos) O diagnóstico precoce não é simplesmente porque a gente precisa reconhecer cedo é porque existe um fator biológico chamado janela do desenvolvimento.... O cérebro ele precisa ser construído com estímulo. Os parâmetros da sociabilidade eles todos são assim. A atenção compartilhada, as orientações sociais que são fundamentos essenciais para fazer o cérebro social conectar e crescer, ele tem que acontecer nos primeiros dezoito, trinta e seis meses. (Patrícia) Gustavo Adolfo de Medeiros, que tem Autismo de Alta Funcionalidade, falou sobre o longo caminho que teve que percorrer até a descoberta da deficiência que, segundo ele, só foi possível quando ele foi morar com uma tia na Inglaterra. Gustavo defendeu a especialização de professores, médicos e de todas as pessoas que lidam com autistas e um tratamento diferenciado para essas pessoas, como prevê a proposta apresentada pela Associação em Defesa do Autista. (Gustavo) A primeira coisa que eu quero deixar claro é que a gente não pode tratar igualmente os desiguais. É injusto. O próprio Rui Barbosa dizia isso: nada mais injusto que tratar igualmente os desiguais. Por isso eu acho um grande erro você de repente colocar pessoas com autismo junto com pessoas normais. Elas vão se sentir complexadas, não vão aprender, vão ter uma série de problemas. Vai prejudicar todo mundo. Isso vocês têm que pensar muito cuidadosamente. Não se pode cair em armadilhas ideológicas. (Patrícia) O Senador Flávio Arns, do PSDB do Paraná, que fez o requerimento para a audiência, disse que será feito um parecer sobre a proposta de projeto de lei apresentada e que esse documento será discutido pela Comissão de Direitos Humanos.
17/11/2010, 07h38 - ATUALIZADO EM 17/11/2010, 07h38
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