Senado deve criar prêmio jornalístico Luís Gama sobre a cultura negra

Da Agência Senado | 23/05/2023, 15h12

A Comissão de Educação (CE) aprovou nesta terça-feira (23) a criação do Prêmio Luís Gama do Senado Federal, que será conferido todos os anos a matérias jornalísticas que tratem da cultura negra (PRS 117/2019). A criação do prêmio precisa agora do aval da Comissão Diretora.

A iniciativa partiu de Fabiano Contarato (PT-ES) e o relatório pela aprovação foi feito por Jussara Lima (PSD-PI). De acordo com o texto, o Prêmio Luís Gama será entregue durante sessão especial do Plenário sempre no mês de abril, em alusão ao Dia do Jornalista (7 de abril). Serão premiados três jornalistas, da mídia falada ou escrita, que tenham feito matérias sobre a contribuição da cultura negra para o Brasil. A escolha dos premiados será feita pelo Conselho do Prêmio Luís Gama, que será composto por um representante de cada partido com assento no Senado.

— Será a oportunidade de celebrarmos o bom jornalismo e nos mobilizarmos pelas causas do bem comum. O bom jornalismo é hoje ainda mais relevante, quando temos no cenário seu uso deturpado por interesses específicos e o fenômeno das fake news. Valorizemos os jornalistas, prestemos homenagens a Luís Gama e enaltecemos a cultura negra — destacou Jussara.

Quem foi Luís Gama

Contarato expôs na justificativa a importância de o Senado valorizar a cultura negra, "relegada à marginalização no período escravocrata e mesmo após a Lei Áurea". E justa também no seu entender a homenagem a Luís Gama, advogado, jornalista e escritor considerado o patrono da Abolição.

"Sua vida foi uma luta pela causa abolicionista. Subjugado à escravidão aos 10 anos, permaneceu analfabeto até os 17 anos. Conseguiu conquistar judicialmente a própria liberdade e passou a advogar em prol dos cativos", descreve o senador.

Jussara também destacou a trajetória de Luís Gama ao ler trecho do texto O apóstolo negro da abolição, do escritor naturalista Raul Pompeia, amigo e colega de Gama em um jornal.  

— Um mundo de gente faminta de liberdade, escravos humildes, esfarrapados, implorando libertação, como quem pede esmola. Outros mostrando as mãos inflamadas e sangrentas das pancadas que lhes dera um bárbaro senhor. E Gama fazia tudo: libertava, consolava, dava conselhos, demandava, sacrificava-se, lutava, exauria-se no próprio ardor, como uma candeia iluminando à custa da própria vida as trevas do desespero daquele povo de infelizes, sem auferir uma sobra de lucro. Empenhava-se de corpo e alma. Ele era pobre, muito pobre, deixava para os outros tudo o que lhe vinha das mãos de algum cliente mais abastado — leu Jussara.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)