Tapeçaria vandalizada passa por perícia da Polícia Federal

Da Agência Senado | 10/03/2023, 18h34

Uma equipe de peritos da Polícia Federal realizou, na tarde desta sexta-feira (10), uma perícia em uma peça de tapeçaria de Burle Marx que ficava exposta perto do Salão Negro. A obra foi vandalizada durante a invasão do dia 8 de janeiro. O trabalho de perícia foi realizado nas dependências da garagem do Senado. De acordo com o perito Marcus Andrade, o objetivo da perícia é avaliar quais substâncias estão aderidas ao tapete, pois essa identificação auxilia no processo de limpeza e recuperação da obra.

— É uma análise química e pericial. É uma forma de ajudar, tecnicamente, o trabalho do Museu do Senado — declarou o policial, que é especialista em perícia em obras de arte.

O chefe do Laboratório de Restauração do Museu do Senado, Ismail Carvalho, lembrou que a obra foi arrancada da parede, pisada e rasgada. Segundo Carvalho, já foi possível saber que a peça recebeu jatos de pó químico de extintor de incêndio e até urina. O laboratório do Museu do Senado não comportaria uma obra tão grande, de cerca de 15 metros quadrados, e não tem um especialista em recuperação de material têxtil. Por isso, a obra deve ser restaurada em outro local.

Para o servidor do Museu, o que ocorreu no dia 8, com a invasão dos prédios dos três Poderes, foi inesperado, com uma série de danos simultâneos — o que torna o trabalho de recuperação ainda mais difícil. No entanto, ele se diz feliz ao ver a obra começando o caminho da recuperação.

— Somente uma ação humana intencional seria capaz de provocar uma barbaridade dessa. Isso nos surpreende. Mas, fica um sentimento especial, dentro da arte do restauro e da conservação — pontuou Ismail Carvalho.

O tapete, obra do paisagista e artista Roberto Burle Marx (1909-1994), foi feito em 1973 e é avaliado em R$ 4 milhões. Segundo Ismail Carvalho, não é possível ter certeza do custo da recuperação da peça. A estimativa é que fique em até R$ 300 mil, valor que inclui transporte, seguro e trabalho de restauração — que deve levar entre dois e quatro meses.  

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)