Em sessão pela Campanha da Fraternidade, senadores ressaltam papel da educação

Aline Guedes | 25/03/2022, 12h57

Promover o diálogo sobre a realidade educativa do Brasil à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário na educação. Esse é o objetivo geral da Campanha da Fraternidade de 2022, que foi celebrada pelo Senado em sessão especial nesta sexta-feira (25). Com o tema “Fraternidade e Educação” neste ano e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”, a campanha é promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) durante a quaresma.  Além de chamar a atenção sobre a temática e promover a reflexão, a iniciativa tem o intuito de arrecadar fundos para projetos sociais da Igreja Católica.  

Autor do requerimento para a solenidade, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) destacou que a educação começa na família, com o amor acima de tudo, mas também requer comprometimento de toda a sociedade. Ex-seminarista, o parlamentar disse que antes de entrar na vida pública já tinha a educação como primeira e principal bandeira. Ele parabenizou a iniciativa da CNBB, especialmente num momento em que estudantes retornam às salas de aula depois do isolamento provocado pela pandemia de covid-19. 

— Só com uma educação de excelência nossos meninos e meninas farão a diferença aqui e em cada canto deste mundo onde vivemos. Com esse espírito humanizador é que devemos trabalhar e promover ações, para alcançarmos uma educação integral em todas as dimensões do ser humano, que seja, sobretudo, solidária e inclusiva. E para que a educação seja meta prioritária, precisamos do comprometimento de todos — ponderou. 

União de denominações

O senador Flávio Arns (Podemos-PR) destacou a alegria de participar da sessão solene e disse ser importante reconhecer o esforço da CNBB a favor da cidadania e dos direitos humanos ao longo dos últimos 58 anos. O parlamentar defendeu investimentos maciços na educação, “se quisermos um Brasil diferente”. E disse que a iniciativa da Igreja Católica deve unir todas as denominações religiosas, já que os temas abordados são sempre de interesse de toda a sociedade. 

— Como é bonito ouvirmos um pai ou mãe de família comentar que deseja ver o filho ser alguém na vida. Ao expressar esse pensamento, eles querem dizer: “Quero uma boa educação para o meu filho, para que ele tenha esperança, porque as oportunidades vão surgir caso a educação pública, universal e de qualidade aconteça”. E é exatamente o que a gente quer. Esse sentimento fraterno pela educação, que não é primeira prioridade: é prioridade absoluta — ressaltou. 

Necessidade de investimentos

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) falou da importância de mais dinheiro do governo para a educação e considerou que a CNBB, acima de qualquer religião, está preocupada com a temática. Ela disse não estar “inventando moda” ao defender investimentos na área, porque essa questão foi abordada pelo próprio Jesus Cristo. Para a parlamentar, falar sobre educação é essencial, já que a desinformação, segundo ela, agravou inclusive os números de mortes por covid-19 no Brasil. 

— A educação é a melhor prevenção à violência, às doenças, porque povo educado é povo que adoece menos. Falta investimento em educação e em informação no nosso país. Todo ódio, racismo e misoginia têm raízes na falta de educação. Então parabenizo a CNBB, porque esse tema precisa mesmo de visibilidade. Precisamos de fraternidade e educação urgentemente. Educação não é despesa: é investimento. 

Pacto global

É a terceira vez que o tema da educação é abordado na Campanha da Fraternidade — desta vez, impulsionada pelo Pacto Educativo Global, convocado pelo Papa Francisco. Secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado destacou que a entidade trabalha na programação desde a década de 1970, sempre com temas que interferem na vida de todos e de repercussão na sociedade. Segundo ele, tratar novamente da educação em 2022 ajuda a diminuir os sofrimentos das pessoas, além de trazer à luz questionamentos pontuais sobre o assunto. 

— São questões humanas e sociais que necessitam de enfrentamento e superação. Educação é tema constante e preocupação fundamental no intuito de termos um Brasil mais justo, fraterno e solidário. 

Todos como educadores

O arcebispo de Brasília, dom Paulo Cezar Costa, reforçou que é preciso o empenho de toda a sociedade para a efetividade da educação. Além de formar o cidadão, disse ele, a preparação de crianças e jovens influi em todas as questões sociais, políticas e ecológicas. Ao parabenizar todos os profissionais da educação, o arcebispo desejou que o tema da campanha suscite o diálogo e conscientize que “todos somos educadores e precisamos educar com beleza”. 

Já o coordenador do Movimento Segue-Me, Nestor Ferreira Campos Filho, disse que a entidade reconhece a sensibilidade do tema e a necessidade de formar pessoas por completo, inclusive quanto ao caráter. Para ele, é preciso atuar na formação também das famílias, “a fim de gerar frutos para o futuro”. 

— É muito salutar discutirmos a educação, especialmente no que concerne à formação do ser humano, para que ele seja, agora e no futuro, plenamente consciente da verdade, daquilo que é a necessidade do mundo, e dessa forma possa servir à sociedade em geral, ouvindo aquilo que o próprio Jesus nos ensinou como verdade. Esse olhar, o ensinar com sabedoria, ensinar com amor, porque era assim que Jesus ensinava a todos que estavam à sua volta: com amor, olhando cada um como o ser precioso que era.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)