Brasil pode ajudar Haiti a superar crise profunda, defende diplomata

Da Redação | 27/11/2019, 16h32

 O Haiti vive hoje mais um quadro de crise profunda em sua história, já marcada por séculos de miséria, ditaduras e desastres naturais. Esse foi o quadro apresentado pelo diplomata Marcelo Baumbach na sabatina desta quarta-feira (27) na Comissão de Relações Exteriores (CRE), quando teve seu nome aprovado pela comissão para chefiar a embaixada brasileira naquele país.

— Na prática, o governo do Haiti [presidido por Jovenel Moïse] perdeu as condições de governar, está paralisado. Isso aconteceu após o massacre na favela de La Saline, quando 71 pessoas foram mortas há cerca de um ano durante protestos contra o governo. O Congresso não dá mais respaldo a Moïse, e o governo simplesmente não funciona. As escolas estão fechadas e há protestos praticamente todos os dias. Moïse ainda tem mais dois anos de mandato, mas os apelos para que renuncie não param — descreveu Baumbach.

O diplomata explicou que o Brasil aderiu ao Core Group, grupo de países que buscam uma saída política para mais uma crise no Haiti. Também fazem parte do Core Group os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França e Espanha.

Baumbach também disse que, uma vez na função, espera atrair mais investimentos de empresas brasileiras para o Haiti. Ele garante que a nação caribenha possui potencial agrícola, tanto que já estabeleceu parcerias com a Embrapa.

Ampla miséria

Baumbach explicou que o estopim da atual crise política foi o aprofundamento da crise econômica nos anos recentes. A inflação disparou e quase toda a população enfrenta dificuldades para adquirir itens básicos. Some-se a esse quadro a opção de Moïse por uma política marcada pela austeridade fiscal, que até o momento não surtiu os efeitos esperados.

— 58% do povo haitiano sobrevive hoje com menos de US$ 2,40 por dia. Além disso, outros 25% estão abaixo da linha da miséria absoluta, com uma média de US$ 1,33 por dia. Foi depois que o governo decretou um aumento de 50% no preço dos combustíveis que os protestos explodiram no ano passado, selando a sorte da atual gestão — avaliou o diplomata.

O parecer aprovado pela CRE, elaborado pelo senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) sobre a indicação de Baumbach (MSF 81/2019), que é ministro de primeira classe do quadro de diplomatas do Itamaraty, segue agora ao Plenário do Senado.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)