Jucá critica acusação de golpe e diz que Senado vai julgar impeachment com responsabilidade

Da Redação | 18/04/2016, 21h33

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) rebateu em Plenário nesta segunda-feira (18) as declarações da presidente Dilma Rousseff e dos parlamentares da base de apoio ao governo que o impeachment é um golpe e que o vice-presidente Michel Temer conspirou para que o processo fosse iniciado.

— Respeito o discurso da base do governo, mas não concordo. Nem com a tentativa de desqualificação do vice-presidente Michel Temer, nem com a ideia absurda de que o que está acontecendo é um golpe — criticou.

Fazendo uma retrospectiva do processo de impeachment da presidente, Jucá afirmou que o pedido teve início com as mobilizações populares, que levou às ruas em todo país cerca de seis milhões de pessoas, depois tramitou na Câmara de acordo com regras constitucionais e com normas definidas pelo Supremo Tribunal Federal e acabou por ser aprovado em Plenário, apesar do esforço do governo para angariar votos em seu favor.

O senador, que hoje preside o PMDB, observou que, mesmo com a distribuição de cargos, com os apelos do ex-presidente Lula e com a pressão de aliados, o governo obteve na votação do impeachment praticamente o mesmo número de votos dados ao petista Arlindo Chinaglia na disputa pela presidente da Câmara, em fevereiro de 2015. Chinaglia perdeu o cargo para Eduardo Cunha.

— Faço essa comparação para mostrar que, um ano e quatro meses depois daquela eleição, esse governo não conseguiu agregar parlamentares à sua base política. Não conseguiu alcançar um terço dos votos da Câmara. Que condição política tem esse governo de governar o país, de falar em legitimidade? — questionou.

Romero Jucá disse ainda que Dilma não tem “condição de questionar moralmente” o vice-presidente. Segundo o senador, foi a aliança com Temer e com o PMDB que garantiu à presidente a vitória nas urnas em 2014. E o partido, especialmente os senadores peemedebistas, sempre trabalhou pelo sucesso do governo.

— Então, por favor, vamos retomar aqui em termos elevados o que o Senado terá de fazer. Caberá ao Senado julgar se houve ou não crime de responsabilidade por parte da presidente, o que será feito independência e responsabilidade. E a decisão será soberana.

Em aparte, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou que a mobilização nas ruas não é a favor de Michel Temer, nem de Eduardo Cunha, que se tornaria seu vice. Na avaliação do senador, o vice-presidente não conseguirá permanecer na Presidência nem por três meses.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)