Sem aprovar requerimentos, Romário vai apresentar relatório paralelo na CPI do Futebol

Augusto Castro | 16/03/2016, 16h31

Sem conseguir aprovar nenhum dos 13 requerimentos pautados para a reunião desta quarta-feira (16), o presidente da CPI do Futebol, senador Romário (PSB-RJ), criticou outros senadores que integram o colegiado e avisou que vai elaborar um relatório final paralelo em contraponto ao relatório oficial que será entregue pelo relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR).

- O que a gente viu bem claro aqui é que é uma briga que a gente tem que levar até o final. Os que estavam aqui não querem saber nada de futebol, diferente de mim que sou do futebol e agradeço tudo que o futebol fez por mim. Minha briga vai ser constante – disse Romário ao final da reunião que, além de rejeitar requerimentos, também colheu o depoimento do presidente interino da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Antonio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes.

No início da reunião, o relator, Romero Jucá, apresentou parecer contrário à aprovação dos 11 requerimentos em pauta, por entender que os pedidos teriam fraca argumentação jurídica e que seriam facilmente derrubados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como já ocorreu com alguns requerimentos aprovados anteriormente na CPI.

- Nós já tivemos quatro decisões do Supremo Tribunal Federal rejeitando determinações tomadas aqui, exatamente por falta de fundamentação, e acho que esta CPI não pode ficar exposta a esse tipo de questão. Eu não sou contra convocar ninguém, não sou contra quebrar o sigilo de ninguém – disse Jucá.

Mesmo com o protesto do senador Romário, que queria a aprovação dos requerimentos, Jucá obteve o apoio da maioria dos senadores presentes para a derrubada de todos os requerimentos. Votaram junto com o relator os senadores Ciro Nogueira (PP-PI), Hélio José (PMDB-DF), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Gladson Cameli (PP-AC) e João Alberto Souza (PMDB-MA).

- Eu não tenho medo de cara feia e nem de grito. Não adianta gritar, não adianta fazer bico, que isso para mim não vai mudar minha conduta. Continuo na minha luta em relação à moralização desse futebol escrachado que nós temos. E como vossa excelência, senador Romero Jucá, falou, vamos ver como será o relatório de vossa excelência – disse o presidente da CPI.

Romário afirmou que sem o apoio dos demais integrantes, os trabalhos de investigação da CPI ficam comprometidos. Ele garantiu que apresentará um relatório final paralelo “muito bem minucioso e com detalhes para que se possa ter noção do que realmente é o futebol brasileiro”.

O relator garantiu que seu relatório será de qualidade e adiantou que proporá que a CBF assine um Termo de Ajustamento de Conduta, se comprometendo com práticas modernas de gestão e mais transparência na entidade.

- Nosso relatório vai sacudir o futebol brasileiro para melhor – afirmou Jucá.

Dez dos requerimentos que não foram aprovados eram de autoria do próprio Romário e um de autoria do senador Wellington Fagundes (PR-MT), que pedia a convocação para depor do empresário Wagner José Abrahão.

Os requerimentos do presidente da CPI pediam a convocação, para prestar depoimento, do ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, do ex-diretor financeiro da CBF Antônio Osório Ribeiro Lopes da Costa, do atual diretor-executivo de Gestão da CBF, Rogério Langanke Caboclo, e de outros ex-funcionários da entidade. Também foram rejeitados os requerimentos de Romário que pediam quebra de sigilos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)