Aprovadas indicações de embaixadores para o Peru e para a Dinamarca

Paulo Sérgio Vasco | 16/06/2015, 18h45

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (16), a indicação de Marcos Leal Raposo Lopes para o cargo de embaixador do Brasil no Peru, e a de Carlos Antonio da Rocha Paranhos para acumular o cargo de embaixador na Dinamarca e na Lituânia. As indicações serão votadas posteriormente em Plenário.

Em sua exposição, Raposo Lopes sublinhou que o Brasil compartilha aproximadamente 2,9 mil quilômetros de fronteira com o Peru, o que destaca a importância das relações entre os dois países. Os temas de cooperação, informou, abrangem o estabelecimento de projetos de integração fronteiriça, colaboração fiscal, combate ao narcotráfico e a ilícitos internacionais, e ainda a migração de cidadãos de haitianos que usam a fronteira com o Peru para entrar no Brasil.

Raposo Lopes adiantou que a embaixada deve se empenhar na negociação de acordos aéreos transfronteiriços e de telecomunicações, para impedir a cobrança de roaming em ligações internacionais com o Peru. O diplomata afirmou ainda que a cooperação com o governo peruano é fundamental para atacar o narcotráfico, pois o país ultrapassou a Colômbia como principal produtor mundial de cocaína.

Raposo Lopes avaliou que a ligação rodoviária entre Brasil e Peru vai incrementar o comércio e o transporte em situações de emergência, como ficou evidenciado na enchente do Acre, em 2014. Observou ainda que uma ligação ferroviária, atualmente em estudo, é um projeto promissor ao permitir o escoamento de grãos pelo Pacífico, tema que também passou a ser de interesse do governo chinês, alem de iniciativas para integração de diferentes eixos modais na região amazônica.

Raposo Lopes também citou a aproximação comercial do Brasil e do Mercosul com a Aliança do Pacífico, lançada pelo Peru em 2011 e ainda em implantação. O diplomata, porém, disse que é preciso ir além das simples negociações tarifárias, e investir na facilitação do comércio, em compras governamentais e serviços. No que se refere à cooperação educacional, ressaltou que o Peru já é a segunda maior origem de estudantes de pós-graduação estrangeiros no Brasil, com mais de 1.600 atendimentos por ano.

Raposo Lopes ingressou no Instituto Rio Branco em 1982. Entre as funções desempenhadas pelo diplomata, destaca-se a de chefe do Cerimonial da Presidência da República, em 2009. Exerceu também o cargo de embaixador do Brasil no México nos últimos quatro anos e serviu na delegação junto à Associação Latino Americana de Integração (Aladi), em Montevidéu. A indicação do diplomata teve como relator o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Ampliação

Rocha Paranhos, por sua vez, disse ser possível a ampliação das relações entre Brasil e Dinamarca em áreas relevantes para o desenvolvimento nacional e a política externa, citando os setores de construção naval, energias renováveis saúde e tecnologia de informação.

Rocha Paranhos defendeu a diversificação da pauta exportadora, e disse que é preciso identificar novos nichos de oportunidade para produtos de alta tecnologia. Ele observou que a Dinamarca encontra-se vinculada ao mais robusto setor produtivo brasileiro, a agropecuária, a partir do fornecimento de insumos para a indústria láctea e de carnes, e de outras atividades ligadas à agroindústria.

O diplomata ressaltou que a Dinamarca domina tecnologia avançada em construção naval, incluindo embarcações usadas na indústria do petróleo. O país também participa do programa Ciência sem Fronteiras, já tendo concedido 172 bolsas a estudantes brasileiros em entidades dinamarquesas.

O maior desafio da Dinamarca hoje é dar sustentabilidade ao crescimento econômico em cenário de recessão, ao mesmo tempo em que mantém a política de bem estar social, que inclui altos salários e pesada carga tributária (47%), em cenário de envelhecimento da população, afirmou o diplomata.

A participação ativa da Dinamarca em ações militares, segundo Rocha Paranhos, recebe a aprovação do Parlamento e da população local. A oposição defende a redução de impostos e dos benefícios do bem estar social, que prejudicariam a competitividade do país, além de aperto nas políticas migratórias, com a criação de canal diferenciado para migrantes de países de alto produto interno bruto (PIB), afirmou.

Rocha Paranhos exerceu diversas funções no Itamaraty, tanto no Brasil quanto no exterior. Foi chefe da Divisão de Política Comercial, da Divisão da Europa II e do Departamento da Europa. Também liderou diversas delegações brasileiras, entre as quais a da 94ª e 95ª Reuniões da Conferência Internacional do Trabalho e da 10ª Reunião da Comissão Mista Brasil-Hungria. Em 2008, tornou-se embaixador do Brasil na Rússia. A indicação à Embaixada da Dinamarca teve como relatora a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Venezuela

Por pouco a sabatina dos dois diplomatas não era realizada. Após a abertura dos trabalhos, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) apresentou requerimento para adiamento da reunião, em represália à atitude do governo da Venezuela em negar acesso a uma missão oficial do Senado que irá ao país nesta quinta-feira (18), com o objetivo de apurar denúncias de presos políticos e de violação de direitos humanos.

Caiado acabou atendendo a apelo para dar continuidade à sessão, feito pelo presidente da CRE, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), tendo em vista que os diplomatas já estavam presentes. Caiado, porém, prometeu que irá impedir a realização de futuras sabatinas, com base em dispositivos regimentais, até que o governo brasileiro se pronuncie sobre o caso.

Lindbergh Farias, por sua vez, ponderou que ainda não houve uma negativa expressa das autoridades venezuelanas à missão do Senado, e disse que o governo brasileiro defende uma posição equilibrada, que inclui a manutenção do calendário eleitoral no país governado por Nicolás Maduro. Para o senador, a pior coisa que pode ocorrer para o Brasil e a América Latina é a situação da Venezuela descambar para a guerra civil.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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