Presidente do Sindicato de Auditores do Trabalho revela más condições vividas por terceirizados

Da Redação | 19/05/2015, 16h59

Durante a sessão temática do Senado para discussão do Projeto de Lei da Câmara 30/2015, que regulamenta e amplia o trabalho terceirizado no país, a presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Rosa Maria Campos Jorge, negou que os trabalhadores terceirizados estejam, nas empresas, em situação semelhante a dos empregados diretos como disseram os representantes da classe empresarial que participaram do debate.

Rosa citou duas operações de fiscalização de equipes de auditores do trabalho para revelar a real condição de trabalho dos terceirizados. Uma delas ocorreu este mês em Alagoas. Segundo a sindicalista, os auditores encontraram em situação degradante 300 trabalhadores contratados em regime de terceirização pela empresa G3 para atuar na extração de petróleo, no município de Passo de Camaragibe. Apenas 13 empregados eram diretamente contratados pela empresa. Os trabalhadores tinham jornadas exaustivas – alguns trabalhavam há 132 dias seguidos – e dormiam em alojamentos com 20 pessoas por quarto. Além disso, as dívidas trabalhistas chegavam a R$ 1,2 milhão.

Outro caso citado por Rosa Maria foi na Contax, maior empresa de teleatendimento do país, que presta serviço de call center para quatro bancos (Bradesco, Itaú, Santander e Citibank) e três operadoras de telefonia (Oi, vivo e Net). No ano passado, uma ação em sua sede, em Recife, resultou em quase mil autuações por atividades indevidas, somando multas de mais de R$ 300 milhões.

Rosa informou que 14 mil trabalhadores estavam em condições precárias de trabalho – com salários aviltantes, assédio moral e adoecimentos constantes. Além disso, 165 mil ex-funcionários da empresa não receberam os direitos trabalhistas.

— Eu fiquei impressionada de ouvir aqui que a terceirização é quase desnecessária, porque o salário do terceirizado é maior que o do empregado direto, que a jornada de trabalho é menor e que os direitos são garantidos. Se é assim, não vejo necessidade deste projeto. Em todas as ações de fiscalização dos auditores do trabalho encontramos diversas irregularidades: diferenças gritantes de salário, falta de saúde e de proteção ao trabalhador terceirizado. É triste confirmarmos que somos incompetentes para fazer a virada e garantir que esses trabalhadores tenham seus direitos assegurados — lamentou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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