Diretora da ANP se recusa a comentar denúncias e aponta importância de refinaria

Anderson Vieira | 26/11/2014, 19h12

Apesar de ter se recusado a comentar denúncias de superfaturamento na obra de Abreu e Lima, a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, afirmou que a refinaria que está sendo erguida pela Petrobras em Pernambuco será bem-vinda ao país.

Em depoimento à CPI Mista que investiga irregularidades na estatal nesta quarta-feira (26), ela explicou que a expansão do parque de refino brasileiro é essencial e ressaltou que a balança comercial do país registra déficit grande de derivados de petróleo:

— A refinaria é bem-vinda porque nos alivia sensivelmente em relação à importação de diesel, e isso é uma despesa grande. Nós precisamos desse derivado. Hoje temos 200 milhões de habitantes e, se crescermos 2,5% anualmente, crescemos uma Noruega por ano — afirmou.

Parlamentares da oposição tentaram, sem sucesso, fazê-la falar sobre denúncias de corrupção na construção de Abreu e Lima. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), por exemplo, perguntou se ela considerava normal a obra ter exigido R$ 7 bilhões a mais só em aditivos contratuais.

- Não acompanhei de perto e não é atribuição da ANP - resumiu Chambriard.

Segundo ela, quando uma empresa se habilita a construir uma refinaria ou distribuidora, a ANP não entra no mérito se o projeto é caro ou barato, mas olha questões técnicas para garantir que o empreendimento vai operar com qualidade e eficiência.

Fiscalização

Magda Chambriard, informou que a agência reguladora adota padrões internacionais e rígidos de fiscalização e pratica "o que de melhor existe no mundo".

— Nós atuamos sistematicamente, preventivamente e com rigidez, aprimorando sempre as técnicas de fiscalização e regulação — explicou.

Ela citou acidentes graves ocorridos no país e que serviram de aprendizado para as companhias e entidades fiscalizadoras, como o afundamento da plataforma P-36, em 2001, e o adernamento da P-34, no ano seguinte. Segundo Magda, de 2010 a outubro deste ano, 25 estações marítimas de produção tiveram atividades paralisadas preventivamente.

— Não conheço outro órgão fiscalizador no mundo que tenha feito tantas medidas cautelares — informou Magda Chambriard.

A CPI ouviria também o ex-gerente-geral da obra da Refinaria Abreu e Lima, Glauco Colepicolo Legatti, que apresentou atestado médico, alegando precisar de repouso devido a problemas cardíacosa.

Relatório

Depois de duas semanas ausente, o relator Marco Maia (PT-RS) voltou a participar dos trabalhos da CPI nesta quarta-feira. Com colete de imobilização e sentindo fortes dores, ele informou que quebrou a clavícula e quatro costelas em um acidente de moto.

Apesar da ausência, o deputado confirmou à Agência Senado que estão mantidas as datas de apresentação e votação do relatório final: 10 e 18 de dezembro.  Marco Maia disse que está acompanhando os depoimentos e o trabalho da equipe técnica da comissão de inquérito.

Nesta quinta-feira, a comissão volta a se reunir, às 10h15, para ouvir Márcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko Produtos Siderúrgicos, fornecedora da Petrobras.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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