Participantes de audiência pública defendem investimento em armazenagem de grãos
Da Redação | 14/11/2014, 19h47
Os participantes de audiência pública realizada nesta sexta-feira (14), na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), afirmaram que a baixa capacidade de armazenamento de grãos no país encarece a produção e dificulta a competitividade.
O representante da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Alexandre Bernardes ressaltou que a evolução da capacidade estática armazenadora no Brasil não acompanhou a produção agrícola e acabou gerando um estrangulamento da infraestrutura do país. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 2014 citados por Alexandre, o Brasil tem capacidade de produzir 194,5 milhões de toneladas de grãos, mas só consegue armazenar 149,7 milhões dessa produção.
- Isso encarece e dificulta muito a competitividade do nosso negócio agrícola. Daí a necessidade de investirmos em estruturas de armazenagem, quer sejam elas públicas ou privadas – afirmou.
Os senadores Fleury (DEM-GO) e Ruben Figueiró (PSDB-MS) observaram que enquanto o Brasil tem capacidade de armazenamento para menos de uma safra, os Estados Unidos conseguem armazenar duas safras seguidas. Fleury lembrou que o agronegócio está diretamente vinculado ao superávit do país e, na condição de produtor rural, disse ser “muito triste plantar sem seguro e depois de colher perder por não ter onde armazenar”.
Alexandre Bernardes ponderou que, além do aporte de recursos para armazenagem, é importante o governo investir também na capacitação do produtor rural para gerir sua produção. Para isso, explicou Bernardes, o CNA disponibiliza vários treinamentos por meio do Senac.
Armazenamento em propriedades rurais
Alexandre Camara Borges ressaltou a necessidade do aumento de armazéns em propriedades rurais, que ainda são poucos no Brasil. Ele explicou que essa forma de armazenamento aumenta o poder de barganha do produtor rural porque ele tem o controle de sua mercadoria e do preço do seu produto.
Fleury disse que, quando o armazenamento não é feito nesse tipo de propriedade, a produção acaba ficando no controle do governo e dos tradings e acrescentou que, com a estocagem nas próprias fazendas, o produtor ainda economiza com o frete do produto e com os custos de armazenamento.
- Fico indignado da presidente não ter a sensibilidade de passar a armazenagem para as propriedades rurais – disse.
Alexandre acrescentou que a falta de um armazém em sua propriedade obriga o produtor a deslocar uma grande safra em cima de caminhões e isso acaba sendo um problema, uma vez que as estradas não suporta a carga desse transporte.
Representando o Ministério dos Transportes, Alexandre Sampaio afirmou que o ministério vem, cada vez mais, se esforçando para promover uma melhoria na infraestrutura de transporte a fim de conduzir o escoamento da safra de grãos. Entre as ações do órgão, Alexandre destacou a implementação dos portos da Região Norte para desafogar os da Região Sudeste e o incentivo dos transportes aquaviário e ferroviário para reduzir o fluxo nas estradas.
Planos
O superintendente de armazenagem da Conab, Rafael Bueno, informou que a capacidade estática de armazenamento subiu 2,1 % em relação à 2012/2013 principalmente devido a planos como o Programa de Construção de Armazéns (PCA).
Em relação ao Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014 do governo federal, Rafael Bueno explicou que foram disponibilizados R$ 500 milhões para a Conab, sendo R$ 350 milhões para a construção de dez unidades armazenadoras e R$ 150 milhões para a reforma e modernização de 80 unidades já existentes.
- Essa construção vai nos resultar em aproximadamente 900 mil toneladas de incremento de capacidade de estática na rede armazenadora da Conab – explicou.
Rafael Bueno explicou que o Plano Safra 2013/2014 prevê liberação de R$ 25 bilhões em cinco anos com estimativa que haja um incremento em 65 milhões de toneladas de capacidade estática no país. Bueno explicou que a taxa de crescimento da produção agrícola é superior a da infraestrutura, mas disse acreditar que esse crescimento vai contribuir significativamente para o setor.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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