'Acre é verdadeiro campo de refugiados', afirma Jorge Viana

Da Redação | 29/11/2013, 15h05

Ao confirmar a realização de uma diligência de senadores da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) no Acre, marcada para esta segunda-feira (2), o senador Jorge Viana (PT-AC) voltou a chamar atenção para as dificuldades enfrentadas pelo governo estadual para auxiliar imigrantes estrangeiros, a grande maioria haitianos, que continuam chegando ao estado. Mas também ressaltou que os refugiados estão precariamente instalados depois de entrarem clandestinamente no Brasil.

Em discurso no Plenário, nesta sexta-feira (29), o senador, que apresentou o requerimento para a formação da comissão externa do Senado que vai ao Acre, disse esperar que sejam encontradas soluções definitivas para o problema.

'Campo de refugiados'

Até o momento, informou, os registros confirmam a chegada de 13.155 imigrantes, sendo 12.611 haitianos e 544 de diferentes nacionalidades, de origem latina e também da África, como Senegal (414) e Nigéria (7). De acordo com Viana, o estado se transformou num “campo de refugiados”.

O problema começou em 2010, quando chegaram 37 haitianos. Em número crescente ano a ano, chegou-se este ano, até o momento, a 9.175 haitianos. Uma grande quantidade permanece na cidade de Brasiléia, aonde chegam por meio de caminho que passa pelo Panamá, Panamá, Equador e Peru, conduzidos por “coiotes”.

- Utilizam rota construída por verdadeiros traficantes de pessoas e, nesse percurso, a exploração e o risco os acompanham – comentou.

Fim da imigração

Jorge Viana destacou o esforço do presidente da CRE, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), para viabilizar a visita ao estado. Ele espera que, no retorno a Brasília, possa ser definida uma solução para que se interrompa o fluxo clandestino de imigração. Ele sublinhou que esse não é o caso de uma política ativa de governo brasileiro no sentido de “estender a mão” a pessoas que buscam melhor sorte, mas resultado da ação de organizações criminosas para “explorar os que não podem mais ser explorados”.

De acordo com ele, o governo brasileiro e entidades de auxílio a refugiados fizeram sua parte para que esses imigrantes pudessem ter suas necessidades minimamente atendidas. Mas disse que foi o governo do Acre que mais se empenhou e gastou para dar suporte aos estrangeiros.

Viana lembrou que o governo tentou colocar freio na imigração clandestina a partir do Haiti estabelecendo cota para ingresso mensal no Brasil de cem cidadãos oriundos daquele país e, mais recentemente, aceitando pedidos sem limites. Mesmo assim, conforme assinalou, o problema continua.

De acordo com o senador, agora se nota uma mudança no perfil dos que estão chegando. Nas novas levas de clandestinos, não há somente quem busque melhores condições de vida, muitas vezes apoiado pela família. Segundo ele, diante da abertura para a imigração legal, a rota clandestina pode ser a opção para “pessoas indesejadas”, com motivos para “fugir das regras da embaixada”.

Jorge Viana ressaltou ainda que, ao contrário do que vinha acontecendo até recentemente, empresas brasileiras – caso de construtoras e de frigoríficos – já não estão procurando os estrangeiros para contratação. Segundo ele, isso dificulta ainda mais a busca de saídas para uma situação “precária e perigosa” para a qual a população de Brasiléia está exigindo solução.

Leilão

Jorge Viana também comemorou o resultado da 12ª Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP), realizada na quinta-feira (27), no Rio de Janeiro, quando a Petrobras arrematou o bloco de exploração Acre T8, na Bacia do Acre e Vale do Juruá, para iniciar um processo de estudo mais apurado, visando à exploração de gás no estado.

Segundo o parlamentar trata-se de um campo de petróleo e gás no extremo oeste do Acre que, a seu ver, representa um novo marco para o desenvolvimento do estado, especialmente na região. Ele lembrou que a Petrobrás já assinalou o compromisso de um investimento inicial de R$ 12 milhões nas atividades.

O senador disse que, considerando reservas já exploradas em países vizinhos, o mais provável é que se trate de fontes de gás. De acordo com ele, isso permitirá que o estado possa mudar sua matriz energética, com a utilização de fonte energética mais sustentável e barata, que poderá ser distribuída por meio de linha de 500 Km, planejado para trazer energia elétrica de Rondônia, que atenderá Rio Branco, a capital, e chegará até a cidade de Cruzeiro do Sul.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: