Apesar de aumento no IDH de municípios, Cristovam critica qualidade da educação

Da Redação | 02/08/2013, 12h05

Apesar de o Brasil ter melhorado no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), ainda continua abaixo das expectativas, principalmente devido a pouca qualidade da educação. A opinião é do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que analisou os resultados apresentados na segunda-feira (29) para os municípios brasileiros.

Cristovam, que é membro do comitê de assessoria das Nações Unidas para o cálculo do índice, disse ser suspeito para falar sobre o levantamento realizado, mas afirmou que o IDH é a maior contribuição da economia no século 20. O índice – usado desde 1993 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) – mede o grau de desenvolvimento humano dos países e seu cálculo se baseia na expectativa de vida ao nascer, na educação e na renda per capita.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o IDHM geral do Brasil subiu de 0,493 em 1991, para 0,727 em 2010, um crescimento de 47,5% em 20 anos. Quanto mais próximo de 0 (zero), pior, e quanto mais próximo de 1 (um), mais desenvolvido. Agora, o Brasil tem um IDHM considerado alto. No entanto, Cristovam alertou que a desigualdade entre os municípios continua alta apesar de ter diminuído, segundo o levantamento.

– Quando a gente compara um ano com outro o Brasil melhorou. Quando a gente compara este ano com o que a gente gostaria que fosse, o Brasil não melhorou. Quando a gente compara este ano com os outros países do mundo, o Brasil não melhorou – disse Cristovam.

O senador ressaltou que as necessidades educacionais estão aumentando, apesar de a educação estar melhorando.

– É como se uma pessoa tivesse cada vez mais comida, mas cada vez o estômago fosse muito maior. Então a fome aumenta. A fome por educação hoje é muito maior do que há muitos anos – comparou.

Segundo Cristovam Buarque, o Brasil está melhorando, mas não suficientemente. Ele ressaltou que a melhora nos últimos dez anos (2001 a 2010) foi menor que a registrada nos dez anos anteriores (1991 a 2000). O senador explicou que o que puxa a nota do IDHM para baixo é a educação.

– O desempenho do país na educação ficou na faixa de desenvolvimento médio, enquanto a renda e a longevidade receberam respectivamente as qualificações alta e muito alta – disse.

O senador esclareceu que, para avaliar a educação, o IDHM leva em conta apenas os anos de estudo e frequência escolar, mas não a qualidade.

– Se a avaliação considerasse também o resultado de exames que medem a qualidade, por exemplo, de português e matemática, o índice ficaria muito feio – acrescentou Cristovam.

O senador disse ainda que não é dada uma nota específica ao índice de analfabetismo pleno, situação em que se encontram 12 milhões de brasileiros. Ele defendeu que o analfabetismo seja avaliado como uma carência de direitos humanos.

Cristovam Buarque concluiu seu pronunciamento nesta sexta-feira apontando, mais uma vez, a federalização da educação como saída para tentar unificar o IDH dos municípios.

– Como a gente vai querer que um município pobre pequeno, como Melgaço, no Pará, tenha o mesmo índice de Brasília, que foi o melhor? E não nos esqueçamos: em Brasília, quem paga o salário dos professores é a União. Eu quero que os outros municípios tenham o mesmo privilégio - afirmou o senador.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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