Países ricos, agora em crise, dificultaram negociações na Rio+20, diz embaixador

Da Redação | 26/04/2013, 20h15

Homenageado nesta sexta-feira (26) durante o Colóquio Internacional sobre a Rio+20 e Biodiversidade, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado afirmou que "é muito fácil criticar um país em crise, como o Brasil esteve na década de 1980, para exigir que se preocupe com o meio ambiente". Ele observou que, agora, "esse discurso se volta contra aqueles que hoje estão em crise e não estão mais preocupados com o meio ambiente, e sim com a geração de empregos e a solução de suas dificuldades econômicas". Tal mudança, ressaltou, "tornou as negociações da Rio+20 particularmente difíceis".

- Os problemas que antes batiam na porta dos países em desenvolvimento agora batem na porta dos países desenvolvidos. E as reações são muito curiosas – frisou, reiterando que "os países desenvolvidos não estavam mais interessados em reafirmar na Rio+20 os compromissos firmados na Rio 92".

O embaixador foi o secretário executivo da Comissão Nacional para a Rio+20. Ao homenageá-lo, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) declarou que Luiz Alberto "é um dos mais destacados diplomatas do Brasil, tendo participado de inúmeras negociações ambientais como representante do país". Ex-subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Itamaraty, Luiz Alberto passará a trabalhar na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que também participou do evento, concordou com o embaixador quanto às dificuldades enfrentadas na Rio+20. Segundo ela, "reafirmar o legado da Rio 92 foi uma das tarefas mais complexas, do ponto de vista da diplomacia, durante os bastidores da conferência realizada no ano passado, e não apenas pela situação dos países em crise, mas também pelo tempo que havia passado".

– O que existe hoje em vários países desenvolvidos é uma crise que muito possivelmente vai afetar o modo de vida nessas regiões por 20 ou 30 anos. É nesse contexto que vamos discutir temas como clima e o legado da Rio+20 – alertou a ministra.

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), participante do colóquio, lembrou que "a biodiversidade é geradora de riquezas", beneficiando tanto o empresariado quanto a população em geral. Ele defendeu maior interação entre o governo e o setor produtivo e pediu mais investimento em pesquisa científica.

Já o senador Aníbal Diniz (PT-AC), que posteriormente presidiu um dos painéis, declarou que os resultados da Conferência Rio+20, nas palavras do secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, "são uma sólida fundação para o bem-estar social, econômico e ambiental". O senador lembrou o papel da educação no "futuro que queremos" e elogiou as ações do governo do Acre nesse sentido.

Sustentabilidade: três dimensões

Outro ponto destacado pelo embaixador Luiz Alberto foi que, já em 1992, "ficou muito claramente estabelecido que não existe sustentabilidade se não houver, ao mesmo tempo, desenvolvimento econômico, inclusão social e proteção ambiental".

– No longo prazo, não há sustentatilidade ambiental isolada. Não há sustentabilidade econômica isolada. Não há sustentabilidade social isolada – reiterou.

O Colóquio Internacional sobre a Rio+20 e Biodiversidade foi promovido por duas comissões do Senado: a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), presidida por Ricardo Ferraço. Um dos objetivos do encontro foi discutir o documento O Futuro que Queremos, publicado ao final da Rio+20.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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