Problemas de gestão impedem investimentos em infraestrutura de transporte, diz secretário

iara-farias-borges | 29/11/2012, 14h55

O fraco investimento em infraestrutura de transporte no Brasil não se deve à falta de recursos financeiros, mas à carência de projetos bem elaborados, gestão competente e quadro de pessoal suficiente. A afirmação foi feita pelo secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato e Silva.

Ele participou, nesta quinta-feira (29), de audiência pública que discutiu na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) as condições das rodovias usadas para o escoamento da produção agrícola do país.

Marcelo Perrupato informou que os investimentos do Brasil não chegam a 1% do Produto Interno Bruto (PIB), que hoje é de R$ 4,2 trilhões, enquanto que os outros países do Bric (Rússia, Índia e China) investem mais de 4% de seus PIBs.

O secretário disse que o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) propôs R$ 430 bilhões para investir em infraestrutura de transportes, em 16 anos, o que significa, em média, R$ 30 bilhões a cada ano. Só para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), ressaltou ele, são destinados mais de R$ 15 bilhões por ano. Os recursos, no entanto, observou, nem sempre são gastos, em razão da morosidade no andamento das obras, da imperfeição dos projetos de engenharia e da falta de estudos preliminares que alertariam sobre as melhores soluções técnicas, entre outros fatores.

- Do ponto de vista financeiro, eu não vejo nenhuma dificuldade para o Brasil, nesses próximos dez anos, executar esse programa porque eu ainda o considero tímido para as nossas possibilidades - disse Perrupato.

Modais

Na avaliação do representante do Ministério dos Transportes, as rodovias – hoje o principal modal de expansão agrícola do país – serão, em longo prazo, insuficientes para atender à demanda de escoamento da produção. Além de investimentos no setor rodoviário, o país está aplicando recursos em hidrovias, especialmente para atender o Centro-Norte. Ele ressaltou que o país não investiu mais no setor hidroviário por falta de bons projetos.

Perrupato disse que o ministério apresentou ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) propostas no valor de R$ 7,2 bilhões para aplicar em projeto de hidrovias. Porém, por falta de detalhamentos, foram aprovados R$ 2,7 bilhões. Agora, informou o secretário, o ministério está corrigindo tais projetos, por meio do Plano Hidroviário Estratégico, para abranger a maior parte dos rios do Norte, como complemento do transporte rodoviário.

Concurso

Na opinião do secretário Marcelo Perrupato, muitos dos problemas são gerados pela alta rotatividade de profissionais do ministério, e especialmente de engenheiros do Dnit, que buscam melhores remunerações em outros órgãos. Em sua avaliação, é preciso melhorar o padrão de salários e realizar concurso para que o ministério receba jovens competentes

Preocupação

A senadora Ana Amélia (PP-RS), que requereu o debate, informou que, segundo previsão do Ministério da Agricultura e Pecuária, a produção de grãos em 2012 será de 181 milhões de toneladas. Ela disse que os produtores estão preocupados com o transporte da safra sem a ampliação das estradas.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) também afirmou que os produtores agrícolas querem soluções para o escoamento da produção. Em sua avaliação, o Ministério dos Transportes é “engessado e emperrado”, pois discute os problemas, mas não apresenta resultados concretos.

O transporte, segundo ressaltou o presidente da CRA, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), constitui uma “carga pesada” para os produtores brasileiros, o que reflete no aumento do custo Brasil.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: