Relator da CPI do Cachoeira retira Gurgel e jornalistas de relatório final
Anderson Vieira | 28/11/2012, 14h20
Pressionado pela oposição e até por parlamentares governistas, o relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), alterou o texto de seu relatório final com a conclusão dos trabalhos da comissão. Da nova versão, apresentada nesta quarta-feira (28), não constam os pedidos de investigação da conduta do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e de indiciamento de cinco jornalistas, entre eles, Policarpo Júnior, da sucursal da revista Veja em Brasília.
O relator voltou a afirmar que os pedidos de investigação eram questões “não centrais” e que, portanto, poderiam ser excluídas do texto.
- São questões importantes, mas o ponto central de nosso relatório é o núcleo da organização criminosa comandada por Cachoeira - explicou.
Com a apresentação de um pedido de vista coletivo, abriu-se prazo de cinco dias úteis, conforme o Regimento Interno do Senado, para que os parlamentares apresentem voto em separado ou mesmo sugestões para o relator.
Com isso, o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), comunicou que a votação do relatório está marcada para o próximo dia 5 de dezembro, às 10h15, na sala 2 da Ala Alexandre Costa do Senado Federal.
Divergência
A reunião administrativa desta quarta-feira foi marcada mais uma vez por discussão entre os parlamentares, que não se entenderam sobre o procedimento regimental a ser adotado para a leitura.
A reunião, que começou com atraso de quase uma hora, chegou a ser suspensa para que os parlamentares recebessem cópias das 89 páginas do sumário preparado pelo relator. Houve também quem reclamasse que a leitura não poderia ser feita, uma vez que Odair Cunha suprimiu duas partes de seu texto, o que implicaria a necessidade de mais prazo para que os integrantes fizessem um reexame da matéria.
Os outros pontos do relatório não foram alterados. Odair Cunha manteve, por exemplo, o indiciamento de Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, e de Cláudio Abreu, ex-diretor da empreiteira no Centro-Oeste, além da responsabilização do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do ex-senador Demóstenes Torres e do deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO).
A CPI em números
* Instalada em 25 de abril de 2012, a CPI do Cachoeira tem 35 membros titulares - sendo 17 senadores, 17 deputados e um representante de partidos minoritários - e 35 suplentes;
* Em sete meses de trabalho, a comissão aprovou 275 requerimentos;
* Foram agendados 40 depoimentos e, dentre os convocados, 24 pessoas optaram por não falar, evocando o direito constitucional ao silêncio;
* Foram aprovadas as quebras de 92 sigilos bancários, 91 sigilos fiscais e 88 sigilos telefônicos.
* Dos 92 sigilos bancários quebrados, 60 referem-se a pessoas jurídicas e 32 a pessoas físicas;
* Até 4 de novembro, a comissão recebeu informações bancárias de 83 pessoas físicas e jurídicas, que totalizaram R$ 84,3 bilhões de movimentação financeira entre 2002 e 2012.
* Os assessores da relatoria ouviram 216 mil minutos de conversas interceptadas pela Operação Monte Carlo e 51 mil minutos da Operação Vegas, as quais somadas resultam em 186 dias ininterruptos de gravações, se ouvidas 24 horas por dia.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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