Reunião para leitura do relatório da CPI do Cachoeira começa em clima de conflito

Da Redação | 21/11/2012, 11h45

Começou em clima de conflito a reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira para leitura do relatório final do deputado Odair Cunha (PT-MG). No documento, o parlamentar deve pedir o indiciamento de todos os que se recusaram a depor na comissão. Está prevista apenas que Odair lerá um resumo das 4.802 páginas de seu texto, que apresenta proposta de responsabilização do governador de Goiás, Marconi Perillo, por quadrilha, corrupção passiva, advocacia administrativa e tráfico de influência.

Diante da libertação de Carlos Cachoeira, integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o contraventor goiano pediram a prorrogação dos trabalhos da comissão.

Representantes da oposição já afirmaram que pretendem apresentar um voto em separado. Além disso, um grupo formado pelos senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os deputados Rubens Bueno (PPS-PR) e Ônix Lorenzoni (DEM-RS) já prepararam uma representação a ser encaminhada ao Ministério Público Federal para que o órgão dê prosseguimento às investigações da CPI. Entre outros pedidos, eles querem o indiciamento do dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish, por corrupção ativa e formação de quadrilha.

A apresentação do relatório acontece horas depois de o contraventor Carlinhos Cachoeira, que estava preso preventivamente, ter sido solto pela Justiça. Ele foi condenado a cinco anos de prisão, na terça-feira (20), mas, como a pena deve ser cumprida em regime semiaberto, a juíza Ana Cláudia Costa Barreto, da 5ª Vara Criminal de Brasília, expediu  um alvará de soltura.

A reunião da CPI está sendo realizada na sala 2 da Ala Nilo Coelho do Senado Federal e pode ser acompanhada pela internet: www.senado.leg.br

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) anunciou que vai pedir vista e que, entre suas objeções, uma das principais é contra o indiciamento de jornalistas.

- Não dá para concordar com o indiciamento de cinco jornalistas. Não dá para acusá-los de crime de quadrilha. Se jornalista não investigar, vai fazer o que, só coluna social? – questionou Álvaro Dias, ao chegar para a reunião.

O deputado Silvio Costa (PTB-PE) também se indispôs com o relatório. Ele deseja adiar sua leitura, alegando que a liberação de Carlos Cachoeira, que deixou a penitenciária da Papuda na manhã desta quarta-feira (21), deve ser levada em conta pela CPI.

- Um cara que passa nove meses na cadeia fica com medo de voltar para lá. Vamos agora convocar o Cachoeira para ver se ele fala na CPI. Esse relatório deixa muito a desejar. Temos que ouvir Cachoeira, antes de concluir os trabalhos – disse Silvio Costa.

Para Pedro Taques (PDT-MT), o relatório "é uma farsa" e a CPI "um cadáver insepulto", já que há uma série de suspeitas ainda não investigadas. Ele insistiu em nova convocação de Cachoeira, agora que o contraventor saiu da cadeia.

Já o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-RS), afirmou que o relatório é consistente e "não poupa nem peixes pequenos, nem grandes".

Veja o resumo do relatório.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)