Brasil pretende apoiar participação da Namíbia na CPLP

Marcos Magalhães | 18/10/2012, 14h11

Além de fortalecer a atual cooperação naval e fortalecer os vínculos econômicos bilaterais, o Brasil pretende apoiar a participação da Namíbia na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a criação de uma linha aérea direta entre os dois países. As intenções foram anunciadas nesta quinta-feira (18) pela ministra de segunda classe Ana Maria Sampaio Fernandes, cuja indicação para o cargo de embaixadora em Windhoek recebeu parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Na mesma reunião, a comissão aprovou as indicações do ministro de primeira classe Affonso Emilio de Alencastro Massot para o cargo de embaixador brasileiro no Líbano e do atual embaixador brasileiro no Benin, Arnaldo Caiche D’Oliveira, para exercer, cumulativamente, o cargo de embaixador junto à República do Niger.

Em sua exposição inicial, Ana Maria – cuja indicação teve como relatora a senadora Ana Amélia (PP-RS) – recordou que a decisão brasileira de abrir uma embaixada na Namíbia foi tomada, em 1990, pelo então presidente e atual senador Fernando Collor (PTB-AL), que nesta quinta-feira presidiu a reunião da comissão. Segundo a embaixadora indicada, as expectativas daquela época em relação ao país que acabara de tornar-se independente, como importante parceiro na zona de paz no Atlântico Sul e uma democracia aberta, se concretizaram.

Ela ressaltou a forte cooperação naval entre os dois países, lembrando que a Marinha brasileira tem treinado oficiais da Namíbia e ajudado aquele país a buscar aprovação, junto à Organização das Nações Unidas, da sua plataforma continental. Existe ainda, como informou, interesse daquele país em adquirir produtos navais do Brasil.

- Temos uma cooperação estratégica e política que também se transforma em econômica. Existem oportunidades para empresas brasileiras. A Petrobras abriu ali um escritório recentemente, e a Namíbia quer que o Brasil entre na área de mineração – afirmou Ana Maria.

A embaixadora ressaltou ainda as relações estreitas entre a Namíbia e a Angola e o interesse daquele país pela língua portuguesa – o próprio presidente namibiano Lucas Pohamba fala português, como recordou. A Namíbia pode vir a tornar-se membro observador da CPLP. Ela informou que o Brasil pretende atrair estudantes da Namíbia e que existe uma intenção conjunta de se estabelecer uma linha aérea direta entre os dois países.

Líbano

O embaixador indicado para o Líbano lembrou, durante a sua exposição, a longa relação bilateral de amizade, iniciada ainda durante a visita do imperador Dom Pedro II àquele país. Em consequência dessa visita, iniciou-se ainda no século 19 um ciclo de migração que levou à existência atualmente de quase 10 milhões de descendentes de libaneses no Brasil.

- Desde então as nossas relações se desenvolveram bastante. A importância do nosso relacionamento com o Líbano não vem da relação comercial. Também não deriva do Produto Interno Bruto libanês ou por sua renda per capita. É importante por causa dessa parceria de sangue, da população de origem libanesa que mora no Brasil. E isso dá ao Brasil um cacife político importante na região e em todo o Oriente Médio – disse Massot, cuja indicação teve como relator o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

Cacife

Durante o debate, Aloysio Nunes questionou o embaixador indicado sobre como o Brasil poderia vir a utilizar o seu “cacife” na construção da paz no Oriente Médio. Por meio da ampliação de contatos na região, respondeu Massot. Em sua opinião, a “busca da paz não é privilégio de grandes potências”.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lembrou que existe em São Paulo uma grande colônia de libaneses. A presença de descendentes libaneses no Rio Grande do Sul também foi ressaltada por Ana Amélia. Ao apresentar suas preocupações em relação a temas globais contemporâneos, como o meio ambiente e os reflexos da crise financeira, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que, além dos médicos sem fronteiras, deveriam existir “políticos sem fronteiras”.

Amazônia

No início da reunião, a comissão aprovou – e transformou em projeto de lei, que agora começa a tramitar – a minuta de projeto que institui a Política Nacional de Defesa e do Desenvolvimento da Amazônia e da Faixa de Fronteira, de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Ainda durante a reunião foram lidos pareceres favoráveis às indicações dos novos embaixadores do Brasil junto a Bangladesh e à Itália. As mensagens presidenciais deverão ser colocadas em votação na próxima reunião da comissão.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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