Parlamentares exaltam luta de Ulysses pela democracia

Paulo Cezar Barreto | 15/10/2012, 22h13

Em sessão de homenagem a Ulysses Silveira Guimarães (1916-1992), nos vinte anos de seu desaparecimento, deputados e senadores salientaram seu papel fundamental na luta contra o regime militar (1964-1985) e em sua atuação como presidente da Assembleia Nacional Constituinte (1986-1988).

Para o vice-presidente da República, Michel Temer, lembrar a figura de Ulysses Guimarães é "rememorar e reverenciar o Brasil novo porque o país nasceu, juridicamente, em 5 de outubro de 1988”. Temer ainda afirmou que, se não fosse a liderança e a capacidade de agregação de Ulysses, não existiria uma Constituição no Brasil.

- Muitas vezes pessoas sem cargo já são líderes. Ulysses somava a liderança natural ao cargo mais significativo do país naquela época, que era a Presidência da Assembleia Nacional Constituinte – disse, sublinhando que os três Poderes "se orgulham da figura de Ulysses".

O papel de Ulysses na transição democrática, começando na década de 1970, foi destacado pelo presidente do Senado, José Sarney. Em sua avaliação, Ulysses teve o momento mais alto de sua trajetória política ao lançar, em 1973, sua anticandidatura simbólica à Presidência da República, como forma de protesto contra a ditadura militar.

- Ulysses sempre soube atuar muito bem sobre os núcleos de decisão. Ele sabia como estas são tomadas e sabia atuar no momento exato. Ele era uma voz que não podia deixar de ser ouvida e uma força de equilíbrio. Ele era o muro da lamentação dos aflitos e marginalizados pelas lideranças nas lutas parlamentares e a todos sabia untar com os santos óleos da paciência, nos purgatórios das esperas — disse Sarney.

O primeiro signatário do requerimento de homenagem solene, senador Sergio Souza (PMDB-PR), também lembrou Ulysses como "símbolo nacional de resistência à ditadura":

- O doutor Ulysses encarnou a esperança de todo um povo de que haveria redenção, de que a liberdade haveria de novo alvorecer, de que a tirania haveria de ser superada. Capitaneando a luta pelos valores mais caros à alma humana, norteando pelos ideais sublimes da liberdade, da igualdade e da fraternidade – disse.

A primeira vice-presidente da Câmara, deputada Rose de Freitas (PMDB-MG), definiu Ulysses Guimarães como professor de Direito e "de vida com ética, transparência e liberdade", recordando-se do trabalho do parlamentar à frente da Assembleia Nacional Constituinte. Para a deputada, o legado de Ulysses faz com que ele não esteja apenas no passado.

- Ele está aqui. Ele está no Brasil de hoje, presente.

O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) afirmou que o Senhor Diretas era uma representação do voto limpo e livre, e que, se fosse vivo, estaria defendendo reformas como o financiamento público de campanhas, o fim da reeleição, o voto em lista fechada, um único suplente de senador, e outras medidas moralizadoras para a política.

- Ele era a caminhada do Brasil para uma democracia verdadeira – afirmou.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) relembrou episódios de entrevistas feitas por ela, à época em que trabalhava como jornalista, destacando a ocasião em que Ulysses afirmou que gostaria de ganhar de aniversário “um Brasil mais justo e mais democrático”.

- Não há como falar da história do Brasil, da democracia brasileira sem falar em Ulysses Guimarães. Era um homem formal, atencioso, elegante. E foi um grande líder do movimento pela democracia – afirmou a senadora, ressaltando que, naquela época, nem imaginava que um dia estaria no Plenário do Senado a homenageá-lo.

O senador licenciado Valdir Raupp (PMDB-RO) destacou que a homenagem solene do Congresso é a demonstração de que Ulysses ainda influi no cenário parlamentar e na vida da nação brasileira:

- Embora sua ausência nos tenha causado grande dor, é gratificante hoje poder lembrar sua grandeza, sua coragem e sua obra em prol da democracia e do desenvolvimento nacional, exaltar a figura desse grande homem público que foi um exemplo para todos nós, e cuja vida serve de inspiração para a atual e para as futuras gerações.

Raupp disse ter certeza de que, se vivo estivesse, Ulysses estaria ao lado do vice-presidente, Michel Temer, do PMDB, e da presidente Dilma Rousseff, do PT.

Para o senador Anibal Diniz (PT-AC), Ulysses "fazia política com destemor" e sempre em busca da democracia e do Estado de direito, e elogiou a “visão de país e sentimento de nação” do deputado. Anibal registrou ainda que Ulysses exerceu 11 mandatos de deputado federal, sendo presidente da Câmara dos Deputados por três oportunidades.

- Político prudente e de vasta experiência, dizia que a liberdade de expressão é a rainha de todas as liberdades – lembrou.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que Ulysses sempre será um exemplo para os brasileiros que lutam pela democracia e por uma sociedade justa, e lembrou a luta de Ulysses pela valorização do Parlamento.

- Ele era a força do Parlamento, encarnou como poucos o valor do Poder Legislativo no jogo político de independência entre os poderes - afirmou.

Suplicy mencionou a amizade do senador Pedro Simon (PMDB-RS) com Ulysses, e explicou que o senador gaúcho não participou da sessão solene por estar acamado, mas que prometeu homenagear o amigo brevemente, em Plenário.

Encerrando a lista de oradores, o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) disse que Ulysses era um pastor que guiava os políticos brasileiros. O parlamentar manifestou  sua satisfação por ter participado da homenagem prestada nesta segunda-feira pelo Congresso ao peemedebista.

Também se pronunciaram em homenagem a Ulysses Guimarães os deputados Henrique Eduardo Alves, Mauro Benevides e Darcísio Perondi e Tito Henrique da Silva, neto de Ulysses, fez discurso de agradecimento.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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