Cristovam: política no Brasil está sendo feita com promiscuidade

Da Redação | 30/05/2012, 19h15

Em discurso nesta quarta-feira (30), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga Carlinhos Cachoeira vem mostrando a promiscuidade com que se está fazendo política no Brasil.

- A CPI mostra – mas nada de dúvida, nem de opinião - o fato concreto, a promiscuidade de cinco tipos de, chamemos, cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras: a promiscuidade entre empresários, juízes, políticos, jornalistas e criminosos. Essa é a verdade. Essa é uma verdade indiscutível – declarou.

O senador condenou o encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes quando, segundo a versão do ministro divulgada pela imprensa, o ex-presidente teria lhe oferecido “blindagem” na CPI do Cachoeira em troca do adiamento, para o ano que vem, do julgamento do “mensalão”. Lula negou ter tratado do assunto com o ministro.

- Essa promiscuidade é um fato. O encontro é um fato. Que um dos dois está mentindo é um fato – declarou.

Cristovam frisou que deve haver “um recato natural”, como parte da liturgia do cargo de ministro do Supremo, até para que este tenha isenção na hora de julgar, “sem se lembrar de conversas que ocorreram no passado, dos uísques que tomaram uns com os outros, a exemplo da postura que os ministros adotam nos Estados Unidos”. Ministro do Supremo, disse o senador, “tem que ter uma sacralidade, um distanciamento”, acrescentando que “ex-presidente, tem que ser ex”.

- Nós precisamos saber o papel de cada um de nós no exercício da atividade que nos coube, seja pelo voto, seja pelo exercício dessa coisa formidável que é a capacidade de empreendimento, seja pelo concurso de um juiz, seja por essa tarefa nobre do jornalismo. Seja por qualquer delas, nós temos de saber a nossa maneira de nos comportar, e uma coisa é clara: nenhuma convivência com contraventor – declarou.

Apartes

Em aparte, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) disse acreditar na total fidedignidade da versão apresentada pelo ministro Gilmar Mendes, até porque foi produzida “movida pela indignação de um homem de bem que, de repente, se viu cercado por uma boataria infamante”. Para ele, todo o clima de boataria, “pestilencial” que envolve a política é movido pelo julgamento do “mensalão”, e esse clima só acabará após o julgamento.

Pedro Taques (PDT-MT) também condenou o encontro de Lula e Gilmar Mendes, que considerou “surreal”, um “bate-boca de boteco” e afirmou que o julgamento do “mensalão” deve ocorrer o mais rapidamente possível, pois está contaminando as relações entre os Poderes da República.

Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) considerou o conteúdo divulgado pela Veja de extrema gravidade para a vida institucional do país. Ele afirmou ser uma “estupidez” que o ex-presidente Lula, ainda convalescendo de uma doença grave, tenha vindo a Brasília para tentar, “dentro daquela coisa possessiva dele, obsessiva”, impedir a discussão e o julgamento do “mensalão”. Jarbas também criticou o presidente do PT, Rui Falcão, por, a pretexto de defender Lula, insuflar ainda mais a questão nas redes sociais, na internet, o que em sua opinião pode descambar para uma crise institucional, envolvendo o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.

Aécio Neves (PSDB-MG) lembrou a importância de se respeitar a chamada “liturgia do cargo”, de o cidadão perceber com muita clareza a importância do respeito pelo cargo ou função que ocupa ou ocupou, mesmo que circunstancialmente.

Já Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) salientou a existência de uma “rede de intrigas” que, muitas vezes utilizando-se de informações falsas, procura indispor uns com os outros. A senadora disse conhecer o presidente Lula e acredita que ele “jamais pressionaria quem quer que fosse”, mas que durante o encontro pode ter expressado sua opinião, o que é muito diferente de pressionar, explicou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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