Proteção marinha é tema de reunião de Sarney com ambientalistas

Rodrigo Baptista | 26/03/2012, 14h17

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) recebeu nesta segunda-feira (26) a visita da ambientalista e oceonógrafa norte-americana Sylvia Earle, que pediu uma mudança de atitude do Brasil em relação à preservação dos mares. A pesquisadora advertiu que o país precisa assumir a liderança nesse processo tendo em vista a extensão de seu litoral. Ela participou, no último sábado, do Fórum Mundial de Sustentabilidade, em Manaus.

Conhecida em seu país como “Her Deepness” (ou “Sua Profundeza”, um trocadilho com “Her Highness”, “Sua Alteza”), Earle acumula quase seis décadas de pesquisas na área. Ela foi a primeira mulher a comandar um grupo de “aquanautas” que viveu durante duas semanas a 15 metros de profundidade e foi o primeiro ser humano a mergulhar a 380 metros usando apenas um traje especial.

- O Brasil possui um extenso litoral, o que representa grandes oportunidades, mas também grandes responsabilidades. Precisamos cuidar do coração azul do planeta – disse a pesquisadora, que salientou que a realização da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, será uma oportunidade para sensibilizar o país para essa causa.

Como exemplos de proteção dos mares e oceanos, Sylvia Earle citou Austrália e Reino Unido, que, conforme apontou, aprovaram recentemente a criação de reservas marinhas com aproximadamente um milhão de quilômetros quadrados.

A pesquisadora também alertou para a exploração predatória dos mares. Segundo ela, o atual modelo praticado na maior parte dos países compromete o futuro da fauna marinha e da cadeia produtiva de pescado.

-É preciso uma mudança de atitude. Se não preservarmos os mares e peixes, em breve também não haverá pescadores. Temos que pensar nos peixes não apenas como produtos e mercadorias, mas na preservação dessa fauna – disse.

Engajamento

Diretor do programa marinho da Conservação Internacional (CI), Guilherme Dutra, também alertou para a necessidade de o Brasil dar mais atenção à preservação do mar. Segundo ele, menos de 2% do litoral brasileiro é preservado.

Sarney disse que é preciso mudar esse cenário.

- Precisamos sensibilizar a população, o governo e o próprio Congresso Nacional sobre a necessidade de preservação das áreas marítimas, que não teve até hoje o mesmo tratamento dado a áreas terrestres – salientou Sarney.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) concordou com a observação de Sarney e afirmou que é preciso despertar entre os brasileiros a importância do cuidado com a água.

- O mar é como o útero materno: alimenta, protege e sustenta a humanidade – comparou a senadora.

A 1ª vice-presidente da Câmara dos Deputados, Rose de Freitas (PMDB-ES), disse que a Câmara criou o Grupo de Trabalho Zona Costeira e Ecossistemas Marinhos (GT Mar). A iniciativa, explicou, tem o objetivo de contribuir para a conservação e o uso sustentável da Zona Costeira, considerada Patrimônio Nacional, e dos Ecossistemas Marinhos. Para ela, o debate sobre o tema vem sendo ampliado nos últimos anos.

- O Brasil evoluiu bastante em relação ao que se debatia anos atrás. Hoje você vê que já existem leis específicas sobre isso – assinalou.

Código Florestal

O deputado Sarney Filho (PV-MA), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, afirmou que Sylvia Earle visita o país em um “momento sensível em que o Brasil discute modificações em sua legislação ambiental”.

- Que essa visita possa servir para aumentar a reflexão não só dos interessados na causa, mas da população em geral – disse.

Roberto Klabin, presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, também pediu mais discussão no Congresso sobre a preservação da biodiversidade marinha. Ele afirmou que a exploração de petróleo na camada pré-sal passa também pela discussão dos aspectos ambientais. Ele também sugeriu a criação de grupo de trabalho sobre o tema no Senado. 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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