Senadores do DF criticam ocupação irregular e pedem investimento no Entorno

Da Redação | 06/03/2012, 12h35

Para os senadores Cristovam Buarque (PDT), Gim Argello (PTB), e Rodrigo Rollemberg (PSB), reunidos em debate no programa Assunto de Estado nesta segunda-feira (5), qualquer plano para o Distrito Federal deve levar em conta a região metropolitana como um todo, abrangendo os municípios de Goiás e de Minas Gerais que dependem de Brasília. No programa, dedicado à questão da ocupação urbana na capital federal, os parlamentares criticaram a persistência das irregularidades fundiárias e manifestaram sua esperança na preservação do patrimônio tombado da cidade.

 

Em Assunto de Estado, transmitido mensalmente pela TV Senado, pela Rádio Senado e via internet, senadores da mesma unidade federativa se reúnem para debater um tema de interesse da população. O programa contou com a participação do público através de perguntas enviadas por telefone e pela internet.

Modelo de desenvolvimento

Cristovam Buarque abriu o debate afirmando que Brasília se tornou vítima dos problemas nacionais da concentração de renda e da migração. Para o senador, falta aos brasilienses a consciência da disseminação da qualidade de vida. Gim Argello, por sua vez, interpreta de forma positiva o crescimento da cidade, acreditando que os problemas de Brasília estão no caminho da solução. Para Rollemberg, Brasília é “o Brasil exacerbado”, com grandes diferenças sociais que precisam ser superadas, e lamentou o processo de ocupação ilegal e desordenada no Distrito Federal.

A indefinição sobre a propriedade de terras na capital federal foi alvo de críticas de Cristovam Buarque. O parlamentar protestou contra a venda de terras públicas para especuladores imobiliários; em seu ponto de vista, não basta legalizar a propriedade, sendo necessário criar condições melhores de vida para os habitantes. Cristovam também criticou a “tentação irresponsável” dos políticos locais de ganhar votos com o patrimônio público, através da doação de lotes de maneira “atabalhoada”.

Entorno

A busca de soluções integradas com o Entorno – o conjunto de municípios goianos e mineiros que circundam o Distrito Federal – mobilizou os senadores. Gim Argello chamou a atenção para o 1,5 milhão de habitantes da região, que dependem economicamente do Distrito Federal, segundo ele.

Rollemberg notou que questões ambientais, como o abastecimento de água, são agravadas pela ocupação irregular, e disse que os investimentos no Distrito Federal deixem de se concentrar no Plano Piloto. O senador também protestou contra a guerra fiscal com Goiás e defendeu a criação de uma agência de desenvolvimento do Entorno com aportes da União, de Goiás e do Distrito Federal.

Gim Argello apoiou a ideia de intensificação dos investimentos federais no Entorno – uma estratégia que, em sua avaliação, vem dando certo, mas deve ser melhorada.

Cristovam sugeriu que o governo federal ajude a resolver os problemas da região, por considerar que os governadores não conseguirão fazê-lo sozinhos e poderão apresentar propostas conflitantes.

Transporte coletivo 

Rollemberg classificou como “escárnio” a forma como a população é tratada nos ônibus que circulam no Distrito Federal e Cristovam criticou a ênfase no transporte rodoviário, que considera “coisa do passado”. No mesmo sentido, Gim Argello pediu a ampliação do metrô e a volta do trem de passageiros para Luziânia como forma de integrar o Entorno. Rollemberg também disse esperar que o estímulo ao teletrabalho faça mais gente trabalhar em casa e reduza os deslocamentos. Cristovam apoiou a proposta e pediu descentralização dos serviços da capital como forma de desafogar o trânsito.

Tombamento 

A conservação do patrimônio tombado de Brasília recebeu apoio unânime dos senadores. Gim Argello salientou a importância do ex-governador José Aparecido no esforço para o tombamento da capital. Rollemberg defendeu a preservação das singularidades do projeto de Lucio Costa; Cristovam propôs um pacto pela proteção ao patrimônio arquitetônico de Brasília, que, em sua visão, atrai turismo para a cidade.

Paulo Cezar Barreto

 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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