Collor critica abertura excessiva da nova lei de documentos públicos

Da Redação | 27/10/2011, 17h41

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) reviveu nesta quinta-feira (27) o debate que marcou a aprovação do projeto da chamada Lei de Acesso às Informações Públicas, ocorrida há dois dias em Plenário. O assunto foi levantado pelo presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL), em manifestação onde afirmou que a futura lei passará a ser "a primeira e única do mundo" a permitir completo acesso ao conteúdo integral de todos os documentos públicos, sem exceções.

- Se isso é realmente positivo, o Brasil tronou-se de fato vanguarda. Porém, somente num futuro breve descobriremos os potenciais efeitos dessa nova legislação que acabamos de aprovar - comentou sobre a matéria, que ainda depende de sanção presidencial.

O texto substitutivo apresentado por Collor ao projeto original (PLC 41/10), de autoria do Executivo, foi derrotado na votação. O texto do governo previa a possibilidade de prorrogações sucessivas do prazo de 25 anos de sigilo para informações ultrassecretas. Na Câmara, ficou definido que só poderia haver uma só prorrogação.

O substitutivo de Collor previa como regra uma única prorrogação do prazo, mas fazia exceções em casos de documentos ultrassecretos e de outras classificações, quando o sigilo fosse considerado imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Nesses casos, não haveria limite para o número de prorrogações.

O presidente da CRE repetiu a mensagem dos últimos dias, de que as principais democracias adotam salvaguardas, ressalvas ou exceções para "determinadas questões de Estado". Citou a mais recente lei dos Estados Unidos e da União Européia e chegou a ler trecho da norma em vigor na Alemanha, com ressalvas para um conjunto de temas, inclusive para os que possam causar prejuízos às relações internacionais e à segurança interna e externa.

O senador criticou ainda a forma como segmentos da mídia trataram a questão, segundo ele num "comportamento rasteiro e dissimulado". Apresentou elementos para mostrar que houve "mentiras e distorções". Ao contrário do que jornalistas desse grupo sustentavam, ele disse que o acesso à informação pública já existe no país, com normas na própria Constituição e ainda por meio de duas leis que ele próprio sancionou em 1991 e suas regulamentações.

Pouco debate

Sem entrar no mérito da questão do acesso às informações públicas, os senadores Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF) concordaram que nesse e outros temas vindos da Câmara o tempo de discussão tem sido muito curto na Casa. Cristovam criticou ainda o fato de temas de destaque serem apreciados apenas com os votos de líderes, por acordo.

- O Senado está se transformando na Casa em que só votam os líderes. Temos de repensar esse sistema de votações açodadas - disse.

Eduardo Suplicy (PT-SP) reiterou o que foi dito antes pelos dois colegas, de que as posições assumidas por Collor em relação ao tema do sigilo contribuiram para o debate e o conhecimento do assunto.

Aloysio Nunes (PSDB-SP) ponderou que, apesar das controvérsias, um ponto foi pacífico tanto na Câmara quanto no Senado: os documentos públicos relativos aos direitos humanos não devem ser submetidos a qualquer grau de sigilo.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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