Pré-sal e biomassa podem abrir novas perspectivas para indústria química

Da Redação | 25/10/2011, 16h09


Lançado pelo governo federal em 2009, o Pacto Nacional da Indústria Química abriu uma janela para projetar o segmento nacional entre os cinco maiores do mundo até 2020, a partir da exploração das oportunidades geradas pelo pré-sal e pela química verde (biomassa). A perspectiva favorável foi apresentada nesta terça-feira (25) pelo presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo, durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), apesar de um déficit de US$ 25 bilhões amargado na balança comercial.

Com investimentos projetados de US$ 167 bilhões, mais US$ 32 bilhões para pesquisa e desenvolvimento, a indústria química espera gerar 2 milhões de empregos até 2020, dos quais 200 mil a 300 mil diretos. Um entrave para alcançar essa meta seria a falta de mão de obra especializada. Segundo Figueiredo, o Brasil só formou 8 mil químicos e engenheiros químicos em 2009, quando precisaria colocar no mercado, anualmente, 20 mil profissionais.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Químicos, Antonio Silva Oliveira, cobrou a valorização da mão de obra a partir de melhorias na capacitação, remuneração e condições de trabalho. Ao apontar o alto nível de estresse na atividade, reivindicou redução da jornada de trabalho como medida de segurança na produção, ressaltando como estímulo adicional a participação dos trabalhadores nos resultados das empresas.

A participação dos empregados nos lucros foi alvo, inclusive, de questionamento do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ao presidente da Abiquim. Em resposta, Fernando Figueiredo comentou que mudanças na remuneração da categoria estão sendo discutidas na perspectiva de melhoria da competitividade do setor.

Química verde

A implementação do Programa Brasileiro de Química Verde, que tem respaldo da Abiquim, é considerada fundamental pelo professor José Osvaldo Beserra Carioca, da Universidade Federal do Ceará, para inserir o país entre os líderes mundiais da indústria química. O pesquisador vê a química verde ainda como uma possibilidade de agregar valor à matéria-prima nacional manipulada pelo segmento.

Apesar de o país ter um mercado grande e dinâmico e recursos naturais significativos, o professor João Furtado, da Universidade de São Paulo, disse estar convencido de que a prosperidade da indústria química nacional depende da superação de alguns entraves. Ele citou a regulamentação na área de biotecnologia, considerada inadequada e precária, o que criaria insegurança e afastaria investimentos no setor.

O presidente da CAE, senador Delcídio Amaral (PT-MS), demonstrou otimismo ao falar do futuro "com a nova etapa da química verde". Como exemplo de experiência nessa linha, citou a instalação de fábrica de fertilizantes em Mato Grosso do Sul, dedicada à produção de amônia e ureia a partir do gás natural.

Autor do requerimento de debate, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) disse acreditar que o avanço da química verde no país não só vai ajudar a reequilibrar o saldo da balança comercial, como incentivar o desenvolvimento econômico regional. O parlamentar assinalou como experiência industrial ecologicamente produtiva e sustentável a produção de óleo combustível em barragens a partir do uso de microalgas.

Para ver a íntegra do que foi discutido na comissão, clique aqui.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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