Combate às drogas requer políticas transversais e valorização das comunidades terapêuticas, diz Ana Amélia

Da Redação | 04/10/2011, 12h58

"Não existe dentro do governo transversalidade nas questões referentes aos dependentes químicos e o problema é tratado mais como segurança pública do que como questão de saúde pública, o que é muito grave". A afirmação é da senadora Ana Amélia (PP-RS), que defende a ampliação do financiamento governamental às entidades que prestam assistência a dependentes.

Ana Amélia é vice-presidente da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e Outras Drogas, que estará nos próximos dias lançando um hot site para divulgar sugestões de especialistas para o combate às drogas no país.

Além de criticar a forma estanque com que o Estado atua para enfrentar o problema, Ana Amélia apontou a falta de políticas de prevenção no âmbito do Ministério do Trabalho e de ações conjuntas com as centrais sindicais.

- Existem problemas de drogas no trabalho - frisou, ao citar experiências bem sucedidas realizadas pela Petrobras e pela Federação de Indústrias do Rio Grande do Sul, em campanhas de combate à dependência química.

Crianças no meio rural

A senadora também citou o problema entre crianças do meio rural que estudam em escolas urbanas. Como não são acompanhadas no deslocamento às aulas, explicou, elas se tornam alvo dos traficantes, sem que as famílias, a escola e o Conselho Tutelar tomem conhecimento.

- Ninguém controla se essas crianças vão mesmo à escola e assim elas acabam reféns e se tornam consumidoras e depois traficantes de drogas. E o que tem sido feito para mudar essa realidade? Nada - alertou a senadora.

Comunidades Terapêuticas

Outro aspecto destacado por ela foi o papel das entidades não governamentais no atendimento aos dependentes químicos.

- Cerca de 80% dos dependentes são assistidos por comunidades terapêuticas, que são entidades privadas, a maioria religiosas. Elas seguem regras como se fossem instituições de saúde, mas deveriam ser vistas como entidades de ação social, pois são responsáveis pela ressocialização das pessoas.

A parlamentar lembra a importância do trabalho dessas entidades, essenciais para evitar o retorno às drogas, especialmente de pessoas que se submeteram a internações para desintoxicação. Para Ana Amélia, o Estado deve fortalecer a dotação de recursos públicos para que as comunidades terapêuticas possam ampliar o seu trabalho.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: