Agente de turismo do Amazonas nega acusação de aliciamento de menores

Da Redação | 04/10/2011, 16h22

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Tráfico Internacional de Pessoas ouviu nesta terça-feira (4) José Lauro Rocha da Silva, acusado de envolvimento em turismo sexual, corrupção de menores e favorecimento de prostituição no Amazonas. Proprietário da agencia de turismo Santana Ecofish Safari, que atua em parceria com a empresa americana Wet-A-Line, ele negou as acusações.

José Lauro Rocha e os irmãos Admilson e Adilson Garcia da Silva são citados em processo criminal na Justiça Federal do Amazonas, acusados de aliciar menores de idade para oferecê-las a turistas. Lauro Rocha seria o responsável por fornecer os barcos, onde as meninas seriam prostituídas, e os outros dois atuariam como guias turísticos.

Convidado a falar aos senadores, Reginaldo Batista, delegado da Polícia Federal, relatou conclusões de investigação comprovando a venda, para estrangeiros, de pacotes turísticos no Rio Negro, no Amazonas, que incluíam programa com menores. Conforme informou, há registros fotográficos do embarque das garotas em locais distantes das cidades e da prostituição durante passeios de barco pelo rio.

- As garotas eram colocadas em embarcações menores e posteriormente transferidas para os barcos com turistas estrangeiros - informou o delegado, ao explicar a estratégia da agência de turismo para fugir da fiscalização.

Ao inquirir Lauro Rocha sobre a responsabilidade pelo aliciamento das menores, a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) ressaltou a gravidade dos crimes.

- São meninas indígenas, filhas de populações tradicionais, algumas menores de idade. Essa é uma situação muito grave, que viola os Direitos Humanos e a Constituição federal - frisou Marinor Brito.

José Lauro Rocha negou as acusações e disse que está apresentando sua defesa na Justiça.

A presidente da CPI, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), condenou o desvirtuamento dos serviços de turismo ecológico na Amazônia.

- Precisamos zelar por esses serviços e não permitir que eles sirvam de porta de entrada para atividades criminosas - disse.

A CPI tomou conhecimento do caso durante diligência dos senadores em Manaus no início de julho. As denúncias foram citadas em matéria do jornal The New York Times, dando conta de que quatro mulheres brasileiras indígenas da cidade de Autazes (AM) estariam processando a Wet-A-line por danos morais.

Pedido de informação

Na mesma reunião, foi aprovado requerimento solicitando à Polícia Federal informações sobre o desaparecimento do paraense Marcelo Landislau da Silva Gomes. Conforme a autora do requerimento, Marinor Brito, há indício de que o jovem tenha sido vítima de tráfico de pessoas e esteja na Itália, impedido de voltar ao Brasil.

Iara Altafin e Paola Lima / Agência Senado

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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