Fundadora do primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas do Brasil, Laudelina de Campos Mello lutou por sua categoria durante 70 anos

Da Redação | 27/04/2010, 21h49

Durante a audiência pública sobre os direitos da mulher no sistema de seguridade social brasileiro, realizada na tarde desta terça-feira (27) na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), o nome da pioneira Laudelina de Campos Mello (1904-1991) foi lembrado algumas vezes pelas palestrantes.

Nascida em Poços de Caldas (MG), Laudelina entrou para a história brasileira por dedicar grande parte de sua vida à luta pelos direitos dos negros, das mulheres e das trabalhadoras domésticas. Ela começou a trabalhar como empregada doméstica aos sete anos e, aos 16, já começava a atuar em organizações de mulheres negras.

Laudelina chegou em Santos (SP) com 20 anos de idade, entrando para a Frente Negra Brasileira e tendo, mais tarde, criado elos com o Partido Comunista Brasileiro. Em 1936 cria a Associação das Empregadas Domésticas do Brasil, que é fechada pelo Estado Novo em 1942.

Em 1961, morando em Campinas (SP) a essa altura, funda a Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas. Sua militância inspira a criação de associações similares no Rio de Janeiro e em São Paulo nos anos seguintes, entidades que, em 1988, dão origem ao Sindicato dos Trabalhadores Domésticos. Laudelina também atuou junto a universidades brasileiras durante 30 anos. Perto de sua morte, foi eleita chefe do Departamento de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)

Laudelina faleceu em Campinas em 1991. A Casa Laudelina de Campos Mello (www.casalaudelina.org.br) é uma das herdeiras de seu legado.

Nesta terça (27) e quarta (28), o Fórum Itinerante das Mulheres em Defesa da Seguridade Social (FIPSS) realiza diversas atividades em Brasília para divulgar a campanha "Segure esta causa: garanta direitos integrais para as trabalhadoras domésticas!". Quatro das cinco participantes da audiência pública na CAS integram a comitiva desse fórum itinerante: Cleusa Aparecida da Silva, da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB); Adriana Maria Mezadri, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC); Regina Maria Semião, da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e Verônica Maria Ferreira, da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB). Também participaram da audiência Eudete Pereira de Melo, representando a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, e outras convidadas.

De acordo com Cleusa da Silva, a atuação de Laudelina abrangia também "arte, poesia, cultura e dança", com uma "visão holística" da sociedade brasileira, mas sempre lutando pelos direitos das empregadas domésticas. A representante da AMNB disse também que, pouco antes de morrer Laudelina doou sua única casa, em um bairro popular de Campinas, para o movimento de trabalhadoras domésticas.

Cleusa da Silva informou ainda que as trabalhadoras domésticas são a "maior categoria sócio-ocupacional feminina do Brasil, e majoritariamente negra".

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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