Energia nuclear: senadores preocupados com o futuro

Da Redação | 20/10/2009, 16h04

Durante a audiência pública, os senadores Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Gilberto Goellner (DEM-MT) manifestaram sua preocupação com o futuro do desenvolvimento da energia nuclear no país, uma vez que a Alemanha, país que fornece tecnologia e equipamentos através do Acordo Brasil-Alemanha, está deixando de usar esse tipo de matriz.

Segundo o senador João Pedro (PT-AM), em 2030, 4% da matriz energética brasileira virá da energia nuclear, isso é uma decisão de Estado, não deste ou daquele governo. Segundo ele, o Brasil precisa superar o atual preconceito contra a energia nuclear, pois essa participação deve ser ampliada, com rigorosa observância de todas as precauções sobre segurança.

Para Othon Luiz Pinheiro da Silva, diretor-presidente da Eletronuclear, o acordo Brasil-Alemanha não foi para frente conforme o previsto porque o Brasil queria obter o ciclo completo da produção e o acordo não previa uma tecnologia adequada de centrifugação. De maneira independente, os cientistas brasileiros conseguiram dominar o ciclo completo de modo que, hoje, as cargas para as usinas passaram a ser produzidas no Brasil, disse.

Ele explicou que a Alemanha parou o desenvolvimento de sua energia nuclear porque, com a reunificação das duas Alemanhas, o carvão ficou muito barato, o que levou à sua utilização em termoelétricas. Atualmente, tudo indica que haverá outra mudança política desta vez favorecendo mais a energia nuclear, disse.

Othon fez questão de dizer que, como contribuição na matriz energética brasileira, a energia nuclear precisa ser considerada. Para ele, a questão dos rejeitos está equacionada: eles precisam ser mantidos em tanques de água por oito anos para resfriar e, em seguida, será construída uma estrutura de concreto capaz de armazená-los por 500 anos.

O presidente da Eletronuclear lembrou que impacto ambiental existe em qualquer tipo de empreendimento energético e, mesmo a hidroeletricidade, traz conseqüências para o meio ambiente e as populações ribeirinhas. Em relação à utilização de energia nuclear, ele lembrou que a geração de CO² é pequena, mas reconheceu que a possibilidade de um acidente em uma usina deve ser uma preocupação máxima.

Mudanças climáticas

Para o presidente da CMA, Renato Casagrande (PSB-ES), discussão sobre mudança climática é sinônimo de debate sobre energia. Ele defendeu a necessidade de consolidar a participação da energia nuclear na matriz energética brasileira, embora sem prioridade.

Segundo Casagrande, com o debate sobre mudanças climáticas, a energia nuclear teve sua importância renovada. Ele lembrou que haverá um leilão de energia eólica em novembro, com energia prevista a R$ 200 o megawatt. O potencial no Brasil no setor é enorme, mas será necessário fazer um planejamento sério a médio e longo prazo, para permitir o licenciamento adequado.

Para o presidente da CCT, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), 80% de energia elétrica brasileira é hidroeletricidade, limpa e barata, mas não convém abandonar opções como a nuclear ou eólica. Não consigo entender como o Ministério do Meio Ambiente (MMA) aprova a instalação de três mil megawatts em geração termoelétrica, que é muito poluente. No Pará, serão 70 mil megawatts nas usinas de Belo Monte e São Luis de Tapajós, empreendimentos muito mais econômicos, afirmou.

Segundo Altino Ventura Filho, Secretário de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), licenciar usina térmica é fácil e rápido, por ser um processo realizado pelos estados. Ao contrário, licenciar hidroeletricidade é difícil e complexo, porque o licenciamento é federal, feito pelo Ibama. Ele afirmou que o Brasil não deve usar derivados de petróleo para gerar eletricidade, pois até mesmo a opção nuclear é melhor, por ser menos poluente.

Ivo Bucaresky, chefe de gabinete do Ministério do Meio Ambiente (MMA), explicou que a licença ambiental para hidroeletricidade é complexa porque inclui os deslocamentos de populações e o pagamento de indenizações. Além disso, gera uma mobilização social alta porque envolve ONGs e até terras indígenas. Ele defendeu que, na expansão da matriz energética brasileira a prioridade não deva ser nuclear, porque as outras opções como hidroeletricidade, eólica, biomassa ou solar são melhores opções para o Brasil.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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