Aumento de exportações depende mais de recuperação de mercado que do dólar, diz Miguel Jorge

Da Redação | 24/09/2009, 14h07

O aumento das exportações brasileiras, no momento em que o mundo começa a superar a crise econômica, dependerá mais da rápida recuperação da economia mundial do que de uma possível valorização do dólar, disse nesta quinta-feira (24) o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, em audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Durante a audiência, realizada a partir de requerimento do presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), ele informou que as exportações brasileiras de janeiro a agosto deste ano foram de US$ 97,9 bilhões, em uma queda de 24,7% em relação a igual período do ano passado. As importações tiveram uma queda ainda maior: 31,1%. Com isso, o saldo comercial nos oito primeiros meses do ano já alcançou US$ 19,9 bilhões, 18% superior ao do mesmo período de 2008.

O ministro observou ainda que as exportações de manufaturados caíram 31,3% de janeiro a agosto, sempre em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto isso, as vendas de produtos básicos tiveram queda inferior, de 13,1%. Ao tomar conhecimento dos números, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) quis saber se, mantida a atual taxa cambial, as exportações de manufaturados poderiam vir a retomar os mesmos níveis registrados antes da crise.

- É claro que o dólar em outro patamar ajudaria. Mas ajudaria muito mais a recuperação rápida da economia em todo o mundo. O que tem inibido as exportações é a crise em outras economias, como se pode ver na queda da venda de automóveis - disse Jorge, após mencionar que, pela primeira vez em mais de 30 anos, as exportações de produtos básicos superaram as de manufaturados.

O ministro lembrou que a recessão brasileira já terminou e fez uma previsão otimista para 2010. Em sua opinião, "novas e imensas oportunidades" serão abertas no próximo ano, quando o ambiente para investimentos - especialmente em áreas como a da exploração do petróleo da camada pré-sal e a das energias renováveis - estará ainda melhor do que no período que antecedeu a crise econômica mundial.

Negociações

Durante o debate, o senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) pediu que o governo se empenhe para obter da França contrapartidas comerciais às grandes compras de equipamentos militares que fará daquele país. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) recomendou ao ministro que analise a possibilidade de adotar o mecanismo das minidesvalorizações do real, como forma de tornar mais atraentes as exportações brasileiras. Por sua vez, o senador João Tenório (PSDB-AL) lembrou que a atual desvalorização do dólar coincide com um momento de retração do mercado internacional.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) lembrou a necessidade de o Brasil incluir maior conteúdo de inovação tecnológica nos produtos que exporta, enquanto o senador Osvaldo Sobrinho (PTB-MT) pediu maior prioridade para o comércio com os países vizinhos na América do Sul. Autor do requerimento, Azeredo manifestou preocupação com a substituição de produtos brasileiros por chineses no mercado da Argentina. E disse ter recebido queixas de exportadores mineiros em relação à Venezuela, por atraso de pagamentos.

Miguel Jorge procurou tranqüilizar o senador nos dois casos. Em relação ao aumento de produtos chineses, ele observou que o mesmo tem ocorrido no Brasil. Sobre a Venezuela, ele disse que os problemas são pequenos e localizados. O ministro informou ainda que negociou com o presidente Hugo Chávez um programa de renovação da frota venezuelana, que pode resultar na venda de 100 mil automóveis brasileiros movidos a gás para aquele país.-

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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