Ex-contador de grupo de comunicação confirma, mas não comprova, sociedade secreta entre Renan e Lyra

Da Redação | 31/10/2007, 13h46

O economista e ex-contador do Grupo O Jornal, José Amilton Barbosa dos Santos, confirmou nesta quarta-feira (31), em depoimento no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros, era mesmo o dono, juntamente com o usineiro João Lyra, de uma sociedade secreta, registrada em nome de laranjas, que referia-se à propriedade de empresas de comunicação em Alagoas.

O depoimento de Santos foi tomado em caráter reservado, no gabinete do presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO). O convite ao contador partiu do senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator do processo que investiga se Renan e Lyra eram mesmo proprietários, utilizando-se de laranjas e sem declarar à Receita Federal, de duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas.

Segundo a revista Veja desta semana, o contador foi o supervisor contábil das empresas comandadas pelo senador e pelo usineiro entre 1999 e 2005, período em que os dois teriam mantido a sociedade.Ainda segundo a revista, Santos foi demitido do grupo em maio de 2006, dois anos depois de desfeito o grupo, hoje comandado somente por Lyra.

Em entrevista à imprensa, logo após o depoimento, Jefferson Péres afirmou que o depoente limitou-se a confirmar a entrevista concedida à Veja, sem acrescentar qualquer novidade.

- Ele (Amilton Santos) se limitou a dizer que todos os empregados do jornal sabiam que Renan era sócio oculto da empresa, mas não quis dar nenhum nome de funcionário que pudesse ser ouvido por nós - contou o relator.

Na avaliação do senador pelo Amazonas, o testemunho de José Amilton Santos foi limitado, pois não houve qualquer fato concreto que comprovasse que Renan foi realmente o dono das empresas de comunicação.

Relatório

Jefferson Péres voltou a afirmar que pretende entregar seu relatório sobre o caso até o próximo dia 14 de novembro caso não haja nenhum fato novo ou testemunha que precise arrolar de última hora. Com relação a sua convicção sobre a quebra de decoro parlamentar por parte de Renan, o senador afirmou:

-Não se pode exigir, num processo jurídico, apenas provas cabais. Pode haver um conjunto de indícios que leve a uma convicção - explicou.

Questionado sobre os próximos passos com relação à investigação que conduz, Jefferson Péres informou que nesta terça-feira (30) recebeu um telefonema dos advogados de João Lyra afirmando que o usineiro não tinha nada mais a acrescentar em relação ao depoimento que já havia dado ao corregedor da Casa, senador Romeu Tuma (PTB-SP), mas que até o próxima terça-feira (6) enviará a ele, Jefferson, um memorial contestando alguns pontos da defesa prévia enviada ao Conselho de Ética por Renan Calheiros.

O relator desse processo disse ainda que remeteu a Tito Uchoa, primo de Renan acusado de ter sido um dos laranjas na compra das empresas de comunicação, um questionário com algumas perguntas sobre o caso. Outra providência tomada pelo relator foi solicitar uma certidão ao Senado para comprovar as denúncias publicadas pela imprensa de que um funcionário do gabinete de Renan Calheiros apontado como um dos laranjas das emissoras de comunicação é realmente servidor da Casa.

- Se realmente for funcionário do Senado, solicitarei o depoimento dele- adiantou.

Em entrevista à imprensa, o senador Leomar Quintanilha afirmou que o depoimento foi coerente.

- Espero que as afirmações feitas sejam suficientes para alcançar o objetivo proposto pelo relator - afirmou o senador pelo Tocantins.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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