Senadores discutem com especialistas melhores fontes alternativas de energia

Da Redação | 17/04/2007, 14h47

Em audiência pública conjunta das Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE); de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Serviços de Infra-estrutura (CI), realizada nesta terça-feira (17), os senadores discutiram com especialistas quais as melhores fontes de energia alternativa para atender à crescente demanda. Diversos parlamentares lembraram o potencial brasileiro para a produção de energia eólica.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) destacou a relevância do tema para a questão do aquecimento global. Ele afirmou que o Ceará discute as questões climáticas como "algo presente nas vidas a todo instante" e que o estado sempre buscou formas de aproveitar fontes alternativas de energia. Na opinião do senador, as discussões sobre o aquecimento global abriram caminho para essas formas alternativas. O senador sugeriu que se incentive o uso da energia eólica no Brasil, uma vez que o Nordeste, por exemplo, tem muito vento, mas pouca água.

A senador Ideli Salvatti (PT-SC) garantiu que o governo continuará investindo na diversidade da matriz energética e destacou que dois dos principais objetivos de preservar essa diversidade são: não ficar refém de uma única fonte e incentivar inovações tecnológicas. A senadora destacou ainda que a produção de biodiesel e do álcool não prejudicará a agricultura brasileira e que o governo vincula a plantação de cana-de-açúcar à agricultura familiar.

O senador Valter Pereira (PMDB-MS) comentou as acusações feitas recentemente pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que os investimentos em biodiesel e etanol redundariam em menos espaço para a agricultura. Pereira lembrou que Chávez é concorrente do Brasil, uma vez que a Venezuela produz petróleo.

- Nós, que estamos com o novo, com o combustível do futuro, estamos na defensiva contra os que têm o combustível velho, que vai acabar. Tudo indica que devemos ter cuidado com combustíveis fósseis - disse.

Sobre esse assunto, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Jerson Kelman, destacou que o Brasil hoje tem seis milhões de hectares plantados com cana-de-açúcar e que, se o país usasse 10% da área ocupada hoje pela pecuária, poderia substituir 5% do consumo mundial de gasolina pelo álcool.

Respondendo a outros questionamentos, Kelman informou ainda que, em média, o preço do megawatt/hora da energia gerada por usinas termoelétricas ou hidroelétricas é de R$ 120; já a gerada por usinas eólicas fica em R$ 232. A energia nuclear fica em torno de R$ 140. Sobre o preço da energia eólica, a diretora-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEE), Ivonice Campos, afirmou que os valores são mais altos porque ainda não há uma indústria consolidada de geração desse tipo de energia, mas destacou que isso pode ser modificado com rapidez, uma vez que a instalação de usinas eólicas é muito rápida.

- Precisamos estimular, com políticas definidas, a industrialização do setor eólico no Brasil e, assim, chegar ao preço de R$ 140 pelo megawatt/hora - disse.

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) chamou a atenção para o potencial de geração de energia eólica no Brasil. O senador Mão Santa (PMDB-PI) afirmou não ser possível negar que os principais combustíveis em todo o mundo hoje são a gasolina e o gás natural. O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) destacou que está havendo uma mudança na visão mundial sobre os combustíveis e que o Brasil é um dos países que podem aproveitar-se da situação. Já o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse que mudanças no clima devem levar a modificações nas matrizes energéticas em todo o mundo. Em resposta a questionamento de Crivella, Jerson Kelman respondeu que decisões sobre a usina nuclear Angra 3 são exclusivas do presidente da República.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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