Senadores manifestam-se contra o racismo

Da Redação | 30/03/2007, 11h49

Em aparte ao discurso desta sexta-feira (30) do senador Paulo Paim (PT-RS), no qual este comunicou ato de desagravo a estudantes africanos da Universidade de Brasília vítimas de possível crime racial, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que já foi reitor da UnB,afirmou que o ocorrido com os universitários é mais grave por não se tratar de um fato isolado.Outros seis senadores manifestaram seu repúdio ao racismo, também em apartes.

Cristovam disse acreditar que as manifestações racistas estão se tornando mais freqüentes porque os negros brasileiros estão reafirmando mais sua identidade, o que vem causando reações. O senador afirmou que, quando as cotas raciais nas universidades começaram a tornar-se realidade, começou a haver reação. Cristovam acredita, entretanto, que não se deve recuar.

- Antes não havia tantos casos de racismo porque os negros haviam diluído suaidentidade própria. Quando tentam reconstruir essa identidade, surgem os problemas. E cada vez que se afirme mais essa identidade negra, mais reação vai haver contra. Queremos ser reconhecidos como o que somos. Somos um povo de mulatos, negros, índios, japoneses, e o bonito da riqueza brasileira é convivermos com as diferenças raciais, com as opções sexuais - disse.

O senador Tião Viana (PT-AC) sugeriu que alunos e professores da UnB deveriam envolver-se de maneira "mais forte" nas manifestações de repúdio ao ocorrido. Ele acredita que as manifestações, inclusive do Senado, serão um marco de que "estamos vigilantes e não aceitamos esse tipo de prática".

O senador Mão Santa (PMDB-PI) prestou solidariedade ao discurso e classificou o ocorrido como uma página vergonhosa da História do país. Ele disse também que sugerirá ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que os apartamentos funcionais ociosos - destinados a senadores, mas fora de uso - sejam oferecidos a esses estudantes.

A senadora Fátima Cleide (PT-RO) também pediu manifestação dos alunos da UnB contra os atentados e criticou outros tipos de discriminação, como os casos de preconceitos contra homossexuais.

- Toda a sociedade tem que se manifestar para banir a cultura da violência contra negros, índios, mulheres, homossexuais, para mostrarmos que estamos construindo uma sociedade mais justa- disse Fátima Cleide.

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) também destacou que o caso acontecido na última quarta-feira (28) na UnB não foi um fato isolado. O senador sugeriu que na próxima terça-feira (3) o Senado apresente um pedido de desculpas aos jovens estrangeiros agredidos na universidade. Mesquita Júnior pediu ainda uma punição severa para os culpados e afirmou que a Polícia Federal já tem indícios fortes que podem apontar a autoria do atentado.

- Os criminosos não podem vencer essa parada. A retirada de alunos do campus já é uma vitória parcial dos criminosos. Precisamos fazer com que os alunos voltem imediatamente à UnB e tenham garantia e a segurança de que permanecerão fazendo seus cursos com tranqüilidade - afirmou.

O senador Valter Pereira (PMDB-MS) definiu o atentado como "vil" e "deprimente" e disse que o acontecido prejudica o conceito internacional do Brasil. Para o senador, o fato de um atentado desse tipo ter ocorrido dentro de uma universidade torna a situação ainda mais deprimente.

- Não é apenas o excluído, o sem família, que comete crimes. É a pessoa que freqüenta a sala de aula, que teve a chance de crescer, de ingressar no curso superior - destacou.

Valter Pereira afirmou que a situação mostra que o preconceito não foi, e está distante de ser, banido do país. Para o senador, o preconceito racial é "o instinto mais selvagem que pode existir" e "conspira contra a civilização". O senador defendeu que alunos e professores da UnB façam um desagravo às vítimas do atentado, "para que fique muito claro que a universidade brasileira não compactua com o preconceito", e pediu que os culpados, quando presos, sejam expostos publicamente.

-Temos que execrar os que são indiferentes às conquistas legais que conseguimos no combate ao preconceito - alertou.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) prestou solidariedade aos alunos vítimas do atentado e também ao rabino Henry Sobel, que foi preso no último dia 23, nos Estados Unidos, acusado de furtar quatro gravatas de grife. Arthur Virgílio afirmou que provavelmente uma doença levou o rabino a agir dessa maneira e pediu que ele não seja julgado por esse ato único e sim seja visto em sua integridade, como uma pessoa que sempre defendeu a liberdade democrática.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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