Parlamentares visitaram Universidade de Brasília, palco de possível crime racial

Da Redação | 29/03/2007, 20h22

Os senadores Paulo Paim (PT-RS), Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) e Cristovam Buarque (PDT-DF) visitaram a Universidade de Brasília (UnB), na tarde desta quinta-feira (29), para prestarem solidariedade à instituição pelo possível crime racial praticado na madrugada de quarta-feira (28), quando pessoas ainda não-identificadas atearam fogo nas portas de quatro apartamentos da Casa do Estudante Universitário (CEU) onde residem estudantes de intercâmbio de países africanos.

Os senadores, os deputados federais Vieira da Cunha (PDT-RS), Janete Pietá (PT-SP) e Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e representantes da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ligada à Presidência da República, reuniram-se na Reitoria da UnB com o reitor da instituição, Timothy Mulholland.

Após o encontro, Paim anunciou a realização, na próxima terça-feira (3), às 14h no Senado, de uma audiência pública no âmbito da Comissão de Direitos Humanos (CDH) para discutir o crime com representantes dos três Poderes e da UnB. Paim adiantou que vai convidar para a audiência o ministro da Justiça, Tarso Genro e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

O reitor comunicou que a universidade, em virtude do crime, instituiu o dia 28 de março como o Dia da Igualdade Racial da UnB. Mulholland explicou também que já foi aberto processo administrativo para investigar o caso, que também está sendo investigado em inquérito aberto pela Polícia Federal (PF). Para o reitor, a punição aos criminosos "deve ser exemplar" por se tratar de "um crime abominável". Paim disse que o atentado "fere de maneira hedionda os direitos humanos".

Também presente à reunião, a policial federal Valkíria Teixeira de Andrade informou que, além do crime racial, o delito poderá ter dois agravantes: crime contra o patrimônio público e crime contra residência. De acordo com a policial, já existem dois suspeitos e oito pessoas já foram convidadas a depor, inicialmente como testemunhas.

Paim ressaltou também que não se trata de um fato isolado na UnB, pois fatos similares acontecem por todos o país contra negros e índios. Ele citou dois casos recentes: residências de parlamentares negros apedrejadas e três embaixadores de países africanos vítimas de preconceito racial em um hotel de luxo em Brasília. Mesquita Júnior e Cristovam também abominaram o crime na UnB, fruto de "intolerância e preconceito", disse Mesquita Júnior.

- A UnB está em estado de choque - resumiu uma funcionária da reitoria da UnB.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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