ACM diz que governo "participa do furto da Infraero"

Da Redação | 28/03/2007, 20h14

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) cobrou do governo nesta quarta-feira (29) providências para solucionar a crise no setor aéreo. O parlamentar baiano também defendeu a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito com o objetivo de apurar falhas administrativas e desvio de recursos públicos nos órgãos responsáveis pelo tráfego aéreo e pela infra-estrutura aeroportuária.

- O governo participa do furto da Infraero [Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária]. Tenho provas cabais das negociatas tenebrosas na Infraero. E se o governo não deixa instalar a CPI, é porque quer encobrir esse furto - acusou o senador, que disse esperar do Supremo Tribunal Federal (STF) uma decisão favorável à abertura das investigações pelo Legislativo.

Para ele, o governo está pagando preço político e "preço de outra maneira, preço mesmo", para barrar a CPI na Câmara dos Deputados.

Lembrando que nesta quinta-feira (28) o acidente com o avião da empresa Gol, no qual morreram 154 pessoas, completa seis meses, Antonio Carlos criticou a falta de ação dos órgãos governamentais para dar fim ao chamado "apagão aéreo". E cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais autoridade nesse campo.

- O presidente ora pede, ora exige, ora implora, mas nada, rigorosamente nada, é feito para aumentar a segurança e impedir o atraso dos vôos - advertiu o senador.

Antonio Carlos mencionou os constantes problemas enfrentados pelos parlamentares que precisam se deslocar por meio de aviões, mas ponderou que as agruras dos "homens do povo" são bem maiores. Revelou que ele próprio, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente da República e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ficaram recentemente por duas horas dentro de um avião em São Paulo aguardando o início de um vôo para Brasília.

- Estamos vivendo o caos. Isto é o fim da picada, para não dizer coisa pior - concordou o senador Flávio Arns (PT-PR).

- Vossa excelência está tratando ao assunto de maneira séria e contundente. Precisamos acompanhar a tomada de providências, que devem vir o mais rapidamente possível - disse o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

Antonio Carlos foi aparteado ainda pelos senadores Heráclito Fortes (PFL-PI), Mário Couto (PSDB-PA), Epitácio Cafeteira (PTB-MA), Romeu Tuma (PFL-SP) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), todos unânimes em dizer que a crise se prolonga por tempo demais e em fazer cobranças ao governo.

O senador pefelista citou o ex-presidente norte-americano Ronald Reagan como exemplo de um chefe de estado que resolveu, em 48 horas, uma greve de controladores de vôo. Na opinião de Antonio Carlos, o governo já poderia ter comprado equipamentos, acabado com o que chamou de "greve branca" no controle de tráfego e demitido as autoridades responsáveis, se "não estivesse governando com os amigos".

- O que se fez além de contingenciar verbas para o setor aeronáutico? Mas o presidente preferiu manter nos seus postos aqueles que deveriam ter, mas não tiveram, competência de resolver o caos instalado - cobrou mais uma vez, referindo-se ao ministro da Defesa, Waldir Pires. Ele fez igualmente críticas à Agencia Nacional da Aviação (Anac).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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