Água não pode ser objeto de transações comerciais e mercadológicas, diz José Nery

Da Redação | 21/03/2007, 21h17

O senador José Nery (PSOL-PA) afirmou, nesta quarta-feira (21), véspera do Dia Mundial da Água, que este recurso natural deve ser encarado como "bem vital de todo o povo brasileiro", e, como tal, não pode ser "objeto de transações comerciais e mercadológicas".

Segundo o senador, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) têm condicionado a outorga de empréstimos à implementação de políticas de privatização da água em países em desenvolvimento. Essas instituições alegam, de acordo com ele, preocupação com a escassez e a degradação dos recursos hídricos.

Nery alertou para o fato de que, nessa perspectiva, a água perde sua condição de bem social, que deve ser acessível a todos. Ele cobrou do Estado brasileiro políticas públicas que garantam esse acesso.

O parlamentar citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) segundo os quais 80 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável, ao passo que 100 milhões não possuem esgoto sanitário. Além disso, ainda segundo o instituto, 64,7% dos detritos coletados não seriam tratados e 84% deles seriam despejados diretamente nos rios.

- Esse quadro tem tido como conseqüência milhares de mortes. Para se ter uma idéia, somente em 1998 faleceram por doenças provocadas por falta de saneamento na região metropolitana de São Paulo 10.854 pessoas, número superior ao de homicídios ocorridos nessa megalópole naquele ano - disse.

O senador Sibá Machado (PT-AC) observou, em aparte, que, embora grande parte do planeta Terra seja coberta por água, menos de 1% desse montante pode ser utilizado para consumo humano. Já o senador Marco Maciel (PFL-PE) afirmou que a questão da água é um dos grandes desafios do século 21.

Cesare Battisti

José Nery prestou solidariedade ao escritor italiano Cesare Battisti, preso no início desta semana pela Polícia Federal e ameaçado de extradição. Segundo o senador, Battisti participou ativamente dos movimentos sociais da Europa nas décadas de 70 e 80.

Battisti foi um dos chefes da organização de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), ligada às Brigadas Vermelhas. Em 1993, foi julgado e condenado à prisão perpétua por ter matado quatro pessoas, entre 1978 e 1979. Ele sempre negou envolvimento nos crimes.

O senador registrou ainda que o PSOL aplaude o Supremo Tribunal Federal (STF) por ter julgado extinta a extradição do padre colombiano Oliverio Medina, ligadoàs Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).Acusado pelo governo colombiano de praticar atos terroristas e homicídio, Medina obteve em julho de 2006 a condição de refugiado político no Brasil.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

MAIS NOTÍCIAS SOBRE: