Discriminação contra as mulheres continua, alerta Válter Pereira

Da Redação | 08/03/2007, 20h04

"A força econômica e social, muitas vezes política, faz com que a mulher sofra as conseqüências de uma sociedade que a considera como objeto de cama e mesa", disse nesta quinta-feira (8), em Plenário, o senador Válter Pereira (PMDB-MS). Ele analisou a história de lutas pelos direitos das mulheres e concluiu que, apesar dos avanços conquistados, elas ainda são discriminadas e subvalorizadas.

Antes de Cristo, disse o senador, as mulheres não passavam de servas, e ainda hoje, em alguns países muçulmanos, as mulheres "não têm voz nem ação". Ele lembrou que durante a Idade Média as mulheres começaram a ocupar o comando dos negócios familiares e a desempenhar o papel de preservação da cultura. Entretanto, a Idade Média foi palco "de uma das maiores perseguições contra a mulher, a caça às bruxas".

- Nessa ocasião, a Igreja, através do Santo Ofício, liderou o massacre, qualificado como verdadeiro genocídio contra o sexo feminino. Há referências de que, no século 14, em um único dia, foram executadas três mil mulheres - informou.

A opressão e discriminação naquela época eram tão fortes, disse Válter Pereira, que para cada homem queimado pela Inquisição, dez mulheres tinham o mesmo destino. Ele recordou a história de Joana D'Arc, queimada sob acusação de ser feiticeira, "o que ocultou o caráter político" das lutas da heroína francesa contra os ingleses.

Nos dias de hoje, constatou o senador, as formas de domínio são diferentes. Embora a Constituição de 1988 fixe a igualdade entre homem e mulher e garanta a emancipação da mulher sob os aspectos político, civil e social, a sociedade brasileira ainda não absorveu a igualdade de gêneros. Para ele, a sociedade deve propiciar às mulheres condições de vida com dignidade.

A representação política na Câmara e no Senado é um exemplo da discriminação: apesar de serem 51% do eleitorado, as mulheres ainda têm poucas representantes no Parlamento.

- A conclusão é de que a luta contra os preconceitos e pela necessidade de afirmação da mulher na sociedade brasileira comporta, ainda, muitas batalhas nas quais todos nós devemos nos engajar, a fim de que o Brasil possa ilustrar sua imagem com a tintura da igualdade, da fraternidade e da solidariedade entre gêneros e raças - disse.

Mas as mulheres já alcançaram diversas conquistas, observou Válter Pereira. Ele citou pesquisa da Fundação Seade, de São Paulo, indicando que a participação das mulheres na população economicamente ativa cresceu de 38,1% para 41%, desde 1990. Em 1989, continuou, 46,7% da população feminina ativa da região metropolitana de São Paulo estava no mercado de trabalho. Hoje, a taxa ultrapassa os 51%. Em apartes, os senadores Joaquim Roriz (PMDB-DF) e Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) elogiaram o pronunciamento do colega.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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