Arthur Virgílio vê dissenso em reunião de Lula com governadores

Da Redação | 06/03/2007, 20h41

Analisando o resultado da reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os 27 governadores, nesta terça-feira (6), na Granja do Torto, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse que "a distância entre o que pretende o governo federal e o que desejam os estados é tão grande que não dá para saber o que está em jogo". Para o senador, esse dissenso aponta mais um risco para o segundo mandato de Lula: "intermináveis quedas-de-braço" com governadores que vão se refletir diretamente no andamento da pauta legislativa.

O senador lembrou que a primeira reunião desse tipo se deu por ocasião do lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), quando, na sua opinião,os governadores "foram usados por Lula como verniz e moldura para um plano inconsistente".

- Segundo o [jornal] Valor, a poderosa Abdib [Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base] estima que o PAC dificilmente atingirá 40% das metas previstas. Percebendo isso, os governadores tentam transmutar-se de figurantes em protagonistas. As pautas apresentadas por um lado e outro para a reunião de hoje não permitem crer que isso acontecerá, pois são absolutamente divergentes - assinalou.

Arthur Virgílio salientou que o governo já se manifestou contrariamente ao compartilhamento de contribuições, como CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira), Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), lembrando que Lula propôs levar adiante a reforma tributária baseada no princípio da tributação no destino. O senador disse que essa proposta é politicamente inviável e que Lula está queimando o capital político que conseguiu na reeleição sem construir qualquer base para o futuro.

- Travar a prorrogação da CPMF e da DRU [Desvinculação das Receitas da União] este ano pode ser o preço mais barato a ser pago pelo governo. O risco maior é o de se inviabilizar por completo o convívio com o Parlamento - alertou.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) disse, em aparte, que "parece brincadeira" a declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sugerindo aos governadores que procurassem os bancos e tentassem conseguir empréstimos em condições melhores que as anteriores para quitarem suas dívidas à vista. Ele assinalou que o governo não apresentou qualquer proposta de reforma tributária "e o tempo está correndo".

O senador José Agripino (PFL-RN) disse que é preciso retomar o debate qualificado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), como teria prometido o senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Agripino assinalou que o caminho para crescer é simples: diminuir a carga tributária, baixar a taxa de juros e adotar uma taxa de câmbio mais realista. Ele observou que o governo está perdido em brigas internas, "um lado puxa para o esquerdismo demagógico das invasões do MST [Movimento dos Sem Terra] e o outro puxa para o Henrique Meirelles [presidente do Banco Central]".

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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