Renan diz que uma campanha civilizada é melhor para a democracia

Da Redação | 11/10/2006, 14h32

O presidente do Senado, Renan Calheiros, entende que o povo brasileiro não deseja radicalização no embate eleitoral que se realiza até o segundo turno da sucessão presidencial. Em entrevista concedida na saída do seu gabinete, nesta quarta-feira (11), ele declarou que a hora é de os candidatos apresentarem suas propostas para governar o país.

- Eu espero que tenhamos no segundo turno uma campanha civilizada, propositiva. Essa radicalização pode saturar o eleitorado, desgastar ainda mais as instituições. Uma campanha mais propositiva será melhor para o Brasil e para a democracia.

Indagado sobre as pesquisas realizadas depois do debate realizado pela TV Bandeirantes, que indicam o aumento da diferença entre Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, Renan analisou esse resultado como a manutenção de uma tendência que tem se confirmado em todos os levantamentos.

- Era algo já esperado - comentou ele.

Quando lhe perguntaram sobre a tendência do eleitorado a repudiar o candidato que mais ataca o adversário, o presidente do Senado insistiu em dizer que a opinião pública não deseja radicalizações.

- O que sabemos é que há um desejo da opinião pública por uma campanha mais propositiva, onde cada um diga o que fez e ainda vai fazer, como vai melhorar a vida do país e das pessoas. Se esse caminho for escolhido pelos dois candidatos, será melhor para a democracia.

Renan Calheiros disse ainda que, no primeiro turno da eleição, a campanha mostrou-se frágil no que diz respeito a confronto de idéias, devendo agora avançar com relação a isso.

- A gente tem pouco tempo, mas é necessário aproveitá-lo para que a campanha confronte mais idéias e não pontos de vista pessoais - afirmou.

Na mesma entrevista, Renan Calheiros disse que está se esforçando para que o Senado vote, na próxima terça-feira (17), as matérias que aguardam deliberação, entre elas, 14 medidas provisórias. O senador disse que está igualmente difícil, nesse período, convocar sessões do Congresso.

- Estamos tendo dificuldade para compatibilizar o funcionamento das Casas com as eleições. Mas estou conversando com os líderes aqui para nós votarmos as medidas provisórias e tentarmos votar os projetos de lei complementar que tratam da lei Kandir e da Lei da Pequena e Micro Empresa.

Questionado sobre as idéias do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), Renan disse que qualquer mudança nessa área tem que ser feita no âmbito da reforma tributária, já votada no Senado e que aguarda deliberação na Câmara.

- O que considero inadiável para o Brasil é a reforma tributária. Acho que inadiável para o Brasil é essa reforma, é simplificar a legislação, aumentar a receita pelo aumento da produção e não pelo aumento de impostos. É isso que todo mundo quer. Nós precisamos é dar conseqüência ao aperfeiçoamento institucional e votar na Câmara a reforma tributária.

De acordo com o presidente do Senado, a prorrogação da CPMF precisa ser discutida num plano em que se articularia um mecanismo para que, toda vez que houvesse elevação da receita, fosse possível diminuir a carga tributária.

- A CPMF seria reflexo de tudo isso, mas dentro de uma reforma. Tratar isoladamente não dá. Essas contribuições foram criadas, não são repartidas com estados e municípios e isso fere o pacto federativo. Nós precisamos, mantendo o equilíbrio fiscal, num período a ser especificado numa negociação, ver como é que nós fazemos a reforma e esse compartilhamento dessas contribuições.

Sobre o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Renan disse que ele deveria ter sido votado antes da remessa ao Congresso do Orçamento da União.

- Como não foi possível, em função da crise política, vamos ter que votar a LDO antes da votação do Orçamento. Mas isso é possível sim. Já se fez isso em outras oportunidades e vamos fazer novamente.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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