Ronan Pinto nega contribuições ao PT e diz desconhecer motivos da morte de Celso Daniel

Da Redação | 17/11/2005, 00h00

Em depoimento nesta quinta-feira (17) à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos, o empresário do setor de transportes Ronan Maria Pinto negou que tenha doado recursos para campanhas eleitorais de candidatos do PT, incluindo a do prefeito de Santo André (SP) assassinado em janeiro de 2002, Celso Daniel.

Ronan, que detém mais de 50% das linhas de ônibus de Santo André, também negou que tenha pagado propina mensal para alimentar um suposto caixa dois do PT, "ou de qualquer outro partido político", a ser usado nas eleições em troca de benefícios, como o de constantes aumentos nas tarifas dos coletivos.

O relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), no entanto, informou que tinha informações seguras de que as empresas de ônibus de Santo André contribuíam com cerca de R$ 550,00 - por ônibus - para a caixinha do PT. O senador Magno Malta (PL-ES), por sua vez, tomando por base documentos do Ministério Público, informou que esses recursos eram canalizados para a conta do também empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, que os distribuía às pessoas que faziam parte do esquema.

Celso Daniel

Sobre o assassinato de Celso Daniel, Ronan disse desconhecer os motivos do crime, apesar de ter admitido a ocorrência de "fatos estranhos", já que depois da morte do prefeito, conforme observou, morreram nada menos do que sete pessoas que de alguma forma estavam ligadas às investigações.

No mês passado, os irmãos de Celso Daniel, João Francisco e Bruno, também em depoimento à CPI, garantiram que o prefeito foi morto depois de vazar informaçõesde queiria denunciar todo o esquema de corrupção na cidade, o que envolvia, segundo seus irmãos, empresas ligadas aos setores de lixo e de ônibus. João Francisco chegou a apontar a existência de uma "quadrilha", que teria como principais cabeças o próprio Ronan; o então secretário de Serviços Municipais de Santo André, Klinger Luiz de OliveiraSousa; e Sérgio Gomes da Silva, acusado de ter tramado a morte de Celso Daniel. Ronan estranhou tais colocações, garantiu que nunca chegou a conhecer os irmãos Daniel e que "só mantinha relações institucionais" com Celso Daniel.

Ronan também disse desconhecer que Gilberto Carvalho, chefe de gabinete pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tenha levado dinheiro oriundo de propina paga por empresários de Santo André para campanhas eleitorais do PT.

O senador Valmir Amaral (PTB-DF), também empresário do setor de transporte, classificou Ronan Pinto "de grande amigo". Não fez nenhuma pergunta, mas apenas enalteceu a figura e o trabalho desenvolvido por Ronan.

- O senhor não merecia estar depondo aqui, já que é um cidadão sério, honesto e trabalhador. Por isso testemunharia a seu favor em qualquer parte do país - resumiu Valmir Amaral.

Silvia Gomide/Agência Senado

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)