Dossiê entregue por irmão de prefeito assassinado está guardado em cofre

Da Redação | 05/09/2005, 00h00

O dossiê entregue na última quinta-feira (1) à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos por João Francisco Daniel, irmão do ex-prefeito de Santo André (SP) Celso Daniel, do PT, assassinado em janeiro de 2002, está guardado em um cofre no subsolo da secretaria do colegiado e deverá começar a ser analisado no decorrer desta semana.

Segundo informações de João Francisco à CPI dos Bingos, em depoimento na semana passada, o dossiê, que pode ser manuseado por qualquer membro da comissão, titular ou suplente, detalha um esquema de corrupção e de pagamento de propina à prefeitura de Santo André, envolvendo principalmente empresas de ônibus e de lixo daquela cidade. O documento teria sido elaborado pelo próprio Celso Daniel.

                                             Trabalho duro

Com ajuda de um auditor do Banco Central e de duas analistas do Tribunal de Contas da União (TCU), a CPI iniciou nesta segunda-feira (5) a análise de uma vasta documentação armazenada em 30 caixas de papelão. Entre os documentos, estão aqueles relacionados às quebras de sigilos bancário, fiscal e telefônico de mais de 50 pessoas e empresas supostamente envolvidas em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro.

 A CPI também deve examinar outros documentos, como a gravação do depoimento do advogado Rogério Tadeu Buratti ao Ministério Público de São Paulo, no qual ele denunciou que a empresa Leão&Leão pagava, mensalmente, propina no valor de R$ 50 mil à Prefeitura de Santo André, que a repassaria para a direção nacional do PT. Os parlamentares querem certificar-se de que Buratti não sofreu qualquer tipo de constrangimento ao longo do depoimento. 

 O trabalho de exame dos documentos e cruzamento de informações será estendido até a próxima sexta-feira (9), já que no decorrer desta semana a CPI dos Bingos não tomará novos depoimentos. Entre as informações a serem analisadas, destacam-se aquelas que são fruto da quebra dos sigilos do ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República Waldomiro Diniz;  do empresário de jogos Carlinhos Cachoeira;  do ex-secretário nacional de Segurança Luiz Eduardo Soares; e do advogado Rogério Tadeu Buratti - acusado de cobrar propina no valor de R$ 6 milhões da multinacional Gtech para que a empresa renovasse contrato relativo à operacionalização de loterias federais com a Caixa Econômica Federal, em 2003.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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