LDO está voltada para o crescimento da economia em 2006

Da Redação | 24/08/2005, 00h00

O projeto da LDO aprovado nesta quarta-feira (24) pelo Congresso reflete a decisão do governo de acelerar o crescimento da economia em 2006, último ano do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pela primeira vez, o governo colocou em uma lei que terão limite os seus gastos não financeiros (pessoal, benefícios sociais, custeio da máquina pública e benefícios sociais e previdenciários).

No projeto original, o governo propôs que esses gastos não passarão de 17% do Produto Interno Bruto (PIB), uma forma de sinalizar aos investidores que o governo não pretende promover uma gastança num ano eleitoral. O relator do projeto, deputado Gilmar Machado (PT-MG), no entanto, fez uma modificação neste ponto, retirando do limite as despesas da Lei Kandir, que prevê ressarcimento aos estados pela isenção de impostos nas exportações. Ou seja, o Congresso tirou R$ 5,2 bilhões do limite de 17% do PIB.

A mesma LDO também pretende impor   um limite na voracidade fiscal da União, impedindo que a carga tributária federal tenha aumento real. Para isso, ela contém um artigo que limita em 16% do PIB tudo que a Receita Federal arrecada (fora receitas atípicas). Este percentual é a média dos últimos quatro.

De resto, a LDO trabalha alguns índices econômicos ou financeiros que mostram a disposição do governo de manter a economia em crescimento, ao mesmo tempo em que trabalha para evitar algum descontrole inflacionário. O projeto apresenta uma previsão para o comportamento da economia nos três aos seguintes. A inflação, por exemplo, seria de 4,16% em 2006, caindo para 3,99% em 2008. O dólar está projetado para R$ 2,90 no ano que vem e R$ 3,16% em 2008.

A meta de superávit fiscal primário (sobras em caixa antes do pagamento de juros da dívida pública) será mantida em 4,25% do PIB nos três anos. O Congresso, no entanto, introduziu o "ajuste anticíclico" das contas públicas, o que permitirá este superávit variar minimamente para cima ou para baixo, dependendo do desempenho da economia. Assim, se a economia crescer mais que 4,5% em 2006, o superávit primário (usado no pagamento de juros da dívida) também será maior; se crescer menos, o superávit também poderá cair.

O Congresso autorizou na LDO o governo a retirar R$ 3 bilhões do superávit primário para gastar em projetos de infra-estrutura. A primeira experiência vem sendo feita neste ano, depois de ter sido negociada no final de 2004 com o Fundo Monetário Internacional, antes da decisão brasileira de não renovar o acordo com o FMI.

Entre as mudanças que o Congresso faz no projeto da LDO, encontra-se um artigo destinado a punir os estados e municípios que não gastarem em educação e saúde o que determina a Constituição. Os infratores não poderão receber transferências voluntárias da União depois de confirmado descumprimento das normais constitucionais.

Os congressistas concordaram ainda com uma mudança do relator Gilmar Machado para  excluir de qualquer contingenciamento orçamentário verbas destinadas à Empresa Brasileira da Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e todos os recursos para "ciência e tecnologia". Também foi acrescentado um item para impedir que os parlamentares destinem verbas a novas obras sem antes direcionar recursos a projetos beneficiados nos anos anteriores.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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