Novo presidente da Câmara critica uso abusivo de MPs e defende independência do Legislativo

Da Redação | 15/02/2005, 00h00

Depois de mais de 13 horas de sessão, a Câmara dos Deputados elegeu seu presidente para o biênio 2005/2006. É o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que substitui o deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Após proclamada a vitória, o novo presidente da Câmara criticou o uso abusivo de medidas provisórias e defendeu o orçamento impositivo para acabar com os cortes unilaterais e contingenciamento de recursos por parte do governo. Disse ainda que quer garantir a independência do Poder Legislativo com relação ao Executivo e que pretende reduzir gastos e garantir economia na condução administrativa da Casa.

Com uma campanha acirrada, marcada pela divisão do principal partido da base governista, que lançou dois candidatos, a votação transcorreu em clima de tranqüilidade. Severino Cavalcanti venceu, no segundo turno, às 6h30 desta terça-feira (15), recebendo 300 votos favoráveis, contra 195 de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), o candidato do governo. Houve um voto branco e dois nulos, em um total de 496 votos válidos. Greenhalgh recebeu menos votos no segundo turno do que no primeiro turno, quando conseguiu garantir 207 votos.

A sessão da Câmara, apesar de longa, transcorreu em clima de tranqüilidade, mesmo no segundo turno de votações. Teve início poucos minutos depois das 16h desta segunda-feira (14), com os discursos dos cinco candidatos: Virgílio Guimarães (PT-MG), Severino Cavalcanti (PP-PE), Jair Bolsonaro (PFL-RJ), José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Todos defenderam a independência da Câmara em relação ao Executivo.

Durante os discursos foram registrados os únicos momentos de tensão, quando Jair Bolsonaro, oficial do Exército da reserva, fez duros ataques a Greenhalgh, que se notabilizou como advogado de adversários da Ditadura Militar. Bolsonaro acusou o petista de defender criminosos, como os seqüestradores do empresário Abílio Diniz.

- Vamos colocar um homem desses na Presidência da Câmara - comentou o deputado do Rio de Janeiro. Bolsonaro disse ainda que o governo vai "obrigar" os parlamentares governistas a aprovarem mudanças nas legislações trabalhista e sindical.

Em resposta, Greenhalgh disse ter orgulho de seu trabalho como advogado e que procurou vencer as resistências a sua candidatura com diálogo.

- Defendi presos políticos quando poucos o faziam. Eu não sou um advogado de casos, mas de causas. E a minha causa agora será promover avanços na Câmara - defendeu-se o parlamentar durante seu discurso, feito antes da votação.

Depois de apurados os votos para a Presidência da Câmara, foram conhecidos os deputados que ocuparão os sete cargos efetivos e quatro suplentes da Mesa Diretora da Casa. O PT, além da derrota para a presidência, não conseguiu nenhum cargo na Mesa, que assim ficou composta:

1º vice-presidente: Haverá disputa em segundo turno entre José Thomaz Nonô (PFL-AL), com 194 votos, e César Bandeira (PFL-MA), com 193 votos.

2º vice-presidente: Ciro Nogueira (PP-PI), eleito com 384 votos.

1º secretário: Inocêncio Oliveira (PMDB-PE), eleito com 257 votos.

2º secretário: Nilton Capixaba (PTB-RO), eleito com 416 votos.

3º secretário: Eduardo Gomes (PSDB-TO), eleito com 407 votos.

4º secretário: Haverá disputa em segundo turno entre Edmar Moreira (PL-MG), com 239 votos, e João Caldas (PL-AL), com 228 votos.

Suplentes de Secretário: Givaldo Carimbão (PSB-AL); Jorge Alberto (PMDB-SE); Geraldo Resende (PPS-MS); Mário Heringer (PDT-MG).

A votação para os cargos onde haverá disputa em segundo turno está marcada para esta quarta-feira (16).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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