Exposição "O Tesouro dos Mapas" traz preciosidades históricas ao Salão Negro do Congresso Nacional

Da Redação | 14/04/2004, 00h00

O Salão Negro do Congresso Nacional abriu nesta quarta-feira (14), às 19h30, a exposição O Tesouro dos Mapas, com preciosidades históricas como objetos náuticos usados para observação astronômica e orientação no mar, réplicas das embarcações usadas nas grandes descobertas e mapas em pergaminhos dos séculos XVI e XVII que mostram a totalidade do conhecimento geográfico que se tinha do mundo no período.

O Salão Negro foi transformado em um grande cenário de imaculado branco, na concepção cenográfica do artista plástico mineiro Paulo Pederneiras, do grupo de dança Corpo. Como um labirinto cenográfico, cores escuras e iluminação suave, cada mapa e objeto ganham áreas de obras de arte. O acervo, disposto em quatro diferentes módulos e 150 peças, em uma área de 600 m², pertence ao Instituto Cultural Banco Santos de São Paulo. A coleção é parte de um acervo de 8 mil itens que vêm sendo reunidos há 15 anos pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira, presidente do Banco Santos.

A exposição já percorreu diversas capitais do país fica em Brasília até o dia 1° de agosto, sob a responsabilidade do curador e professor Paulo Miceli, da Universidade de Campinas, um dos mais respeitados especialistas em história das navegações e da cartografia. Segundo o curador, é impossível encontrar acervo semelhante reunido em qualquer lugar do mundo. Os mapas, por exemplo, são todos originais, expostos sob a proteção de vidros, alguns com uma lupa para que o visitante possa apreciá-lo nos menores detalhes.

Os quatro módulos que compõem a mostra, uma das mais completas exposições mundiais já montadas sobre história da cartografia, são os seguintes:

1) O Desenho do Mundo, formado por um conjunto de mapas raríssimos, a começar pelo Atlas de J. Fr. Roussin, um manuscrito veneziano de 1673, e cinco raríssimas cartas-portulanos desenhadas sobre pergaminho dos séculos XVI e XVII.

2) Mapa: Arte e Técnica , em que se mostra a associação dos elementos estéticos da ciência cartográfica aos conhecimentos matemáticos e astronômicos do Renascimento.

3) A Cartografia Européia e o Desenho do Mundo, formado pelos trabalhos dos principais cartógrafos europeus dedicados ao desenho da terra como um todo e do chamado Novo Mundo, principalmente a partir da segunda metade do século XVI, quando portugueses e espanhóis consolidaram seu controle sobre o que viria a se chamar América.

4) A Última Terra - o Desenho do Brasil é um conjunto de mapas que mostram marcos significativos da história do Brasil, na concepção dos mais importantes cartógrafos europeus no período que vai do século XVI ao XIX. Há ainda mapas detalhados sobre as regiões brasileiras, com a visão que se tinha de suas características de flora, fauna e população.

Avalizam a autenticidade e a qualidade dos objetos e mapas em exposição os maiores especialistas do mundo, como os ingleses Jonathan Potter, autor do livro Collecting Antique Maps; Philip Curtis, diretor da Map House de Londres e especialista da casa de leilões Christie"s; o norte-americano Paul E. Cohen e os brasileiros Isa Adonias, diretora da Mapoteca do Ministério das Relações Exteriores há 40 anos, e o almirante Max Justo Guedes, ex-diretor do Museu da Marinha, autor do mais completo e detalhado livro sobre a rota de Pedro Álvares Cabral e sua frota no litoral brasileiro e um dos maiores especialistas brasileiros em história da navegação.

Entre os mais interessantes mapas, estará em exposição, por exemplo, o mapa mundi feito em 1535 por Martim Waldseemülerm, em tamanho 35 x 48 cm, e que mostra os continentes americano, europeu e africano praticamente colados, sem o Oceano Atlântico. Há, em contrapartida, um mapa do Oceano Pacífico de 1589, desenhado por Abraham Ortelius, e que já mostra a costa ocidental das Américas e até a Austrália.


Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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