Alvaro Dias: governo Lula gastou com juros 80 vezes mais que verba do Fome Zero

Da Redação | 02/02/2004, 00h00

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) lamentou em discurso que o governo Luiz Inácio Lula da Silva tenha gastado em seu primeiro ano R$ 145,2 bilhões no pagamento bruto de juros da dívida pública. O valor é 80,7 vezes o total que o governo gastou com todo o programa Fome Zero ou 4,9 vezes o montante das verbas destinadas à saúde no ano passado.

- Quem gastou esse valor elevadíssimo com juros é o governo do PT, que tanto criticou o governo passado por honrar seus pagamentos de dívida. É o mesmo PT que criticava os acordos do governo com o FMI, mas fez um acerto com o próprio fundo prevendo gastar muito mais com juros - observou o senador nesta segunda-feira (2).

Alvaro Dias disse que o governo conseguiu separar R$ 66 bilhões da arrecadação para pagar parte dos juros de R$ 145,2 bilhões. Como houve uma inflação próxima de 8% no ano, no final a dívida pública acabou crescendo R$ 32 bilhões, alcançando no dia 31 de dezembro de 2003 o valor recorde de R$ 913 bilhões - ou seja, 58,2% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de tudo que foi produzido no país no ano.

Para ele, esses números são "alarmantes" e exigiram do governo "o maior aperto fiscal da história do país". O quadro dramático, continuou, foi completado pelo aumento do desemprego e do achatamento salarial dos trabalhadores brasileiros em 2003.

O senador citou estudo do economista Reinaldo Gonçalves, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), "considerado um dos expoentes dos economistas do PT", revelando que o reajuste dos salários no primeiro ano do governo Lula foi 25,8% menor que a taxa básica de juros. A média dos últimos 20 anos tinha sido de 12,4% menor que a taxa de juros. Alvaro Dias leu uma frase do economista que resume a situação: "Isso significa que banqueiros e rentistas, que têm dinheiro para investir, ficaram mais ricos e os trabalhadores mais pobres".

O senador paranaense acusou o ministro chefe da Casa Civil José Dirceu e o Banco Central de colocarem "em pânico" o mercado financeiro com a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada. O Copom, por ter alertado "que a inflação está de volta", e o ministro, por fazer "pregações públicas contra os reajustes de preços". Disse ainda ser lamentável que um diretor do Banco Central tenha ameaçado "dar socos em quem reajustar preços".

- O governo do PT, infelizmente, não tem uma estratégia de retomada do desenvolvimento econômico. Só tem a estratégia de manutenção do superávit acertado com o FMI - resumiu.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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